Meditação © Amplo Publications

24 de abril de 2015

Quatro Coisas Intoleráveis

“Três coisas fazem tremer a terra, e quatro ela não pode suportar: O escravo que se torna rei, o insensato farto de comida, a mulher desprezada que por fim se casa, e a escrava que toma o lugar de sua senhora” (Pv 30.21-23 NVI).


Maximilien François Marie Isidore de Robespierre (1758-1794) foi um advogado e político francês que se destacou como o maior nome da Revolução Francesa. Desde cedo, ele se mostrou um crítico da monarquia, sentido-se explorado pela nobreza dos seus dias. Quando a revolução estourou, ele foi um dos que pediram a condenação e morte do rei Luis XVI. Mas quando todos pensavam que o autoritarismo e os abusos tinham terminado, Robespierre iniciou um regime totalitário pior que o anterior, no qual milhares de pessoas foram mortas na guilhotina. O morticínio que começou exterminando inimigos da revolução, passou também a matar pessoas simples e inocentes e até amigos que não eram tão radicais como Robespierre, como foi o caso de Georges Jacques Danton (1759-1794). Por fim, quando chegou a vez do próprio Robespierre ser morto na guilhotina, ele não deixou saudades, pois se tornou tudo aquilo contra o que ele lutou no início da sua vida.


A verdade é que todos almejam uma melhora em suas vidas, mas nem todos estão preparados para ela. Por isso, Agur utiliza sua introdução numérica para falar que “três coisas fazem tremer a terra, e quatro ela não pode suportar”, figura que produz a ideia de coisas insuportáveis e intoleráveis, como se fossem expurgos da terra. Nesse sentido, ele alista pessoas cuja sorte foi mudada para melhor, mas que passaram a assumir uma postura muito desagradável diante dos outros. Não significa que somente esses casos específicos ajam assim — por isso, a figura numérica é usada a fim de dar exemplos não exaustivos. O fato é que muita gente que passou por apertos, humilhação, sofrimento e desrespeito, faz exatamente o mesmo que lhe foi feito quando tem a oportunidade de melhorar de vida, como se fosse uma desforra pelo que passou ou se tivesse chegado a sua vez de esmagar e humilhar os outros.


O primeiro exemplo é “o escravo que se torna rei”, o qual pode se tornar um tirano em vez de um libertador para aqueles que sofrem o mesmo que ele sofreu. O segundo é “o insensato farto de comida”, sendo alguém que se ensoberbece diante dos outros como se de nada precisasse. O terceiro é “a mulher desprezada que por fim se casa”, a qual, depois de ser rejeitada por muito tempo, torna-se possessiva e ostentadora. O último exemplo é “a escrava que toma o lugar de sua senhora”, uma menção que parece se referir à empregada que se casa com o patrão depois da morte da sua patroa, passando a ser a senhora da casa e a mandar em quem antes eram seus companheiros de trabalho. É claro que alguém que sobe na vida não é forçado a agir com soberba e com desprezo pelos outros, mas é certo que essa é uma tentação muito grande para quem já sofreu no passado. Por isso, lembre-se de que antes de alguém próspero — se esse for o caso —, você é um servo de Deus cuja verdadeira riqueza está no amor do seu salvador e em um caráter transformado por Cristo. Aja de acordo.



1  O título desta Meditação não é de autoria do Pr. Thomas Tronco.

Pr. thomas tronco 

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