“Pois o Senhor é quem dá sabedoria; de sua boca procedem o conhecimento e o discernimento. Ele reserva a sensatez para o justo; como um escudo protege quem anda com integridade, pois guarda a vereda do justo e protege o caminho de seus fiéis. Então você entenderá o que é justo, direito e certo, e aprenderá os caminhos do bem. Pois a sabedoria entrará em seu coração, e o conhecimento será agradável à sua alma” (Pv 2.6-10 NVI).
Quando eu tinha uns onze ou doze anos, quis comprar eu mesmo o presente do meu pai, visto que o Dia dos Pais estava se aproximando. Fui a várias lojas no Centro de Atibaia até que achei algo que eu julguei que lhe agradaria. Então, pedi para o meu pai um cheque de determinado valor e lhe expliquei que eu não podia dizer o que eu ia comprar — é óbvio que ele entendeu na mesma hora o que estava acontecendo. Assim, ele me deu o dinheiro para seu próprio presente. Contudo, isso não o impediu de ficar feliz ao recebê-lo, nem de me tratar como se eu tivesse gasto meu próprio dinheiro. Coisas de pai.
O Senhor Deus também é pai e nos ajuda na obtenção daquelas coisas que ele nos ordena. Isso é um alívio saber, pois o trecho anterior (vv.1-5) pareceu colocar sobre o homem a responsabilidade de uma busca voraz pelo conhecimento como condição de obtê-la. A grande dificuldade é que o pecado afetou a vontade e o intelecto dos homens a ponto de impedir a busca sincera pelo Senhor e que seja também de todo coração, razão pela qual precisamos da sua ajuda. Por isso, o escritor nos tranquiliza na sequência, explicando que “o Senhor é quem dá sabedoria; de sua boca procedem o conhecimento e o discernimento”. Salomão não está confuso, nem se contradizendo. O fato é que as duas verdades trabalham juntas: que o homem deve buscar a sabedoria de Deus e que o Senhor é quem a concede, do mesmo modo como o pai que dá ao filho o dinheiro para o seu próprio presente.
Contudo, isso ele não faz a qualquer um, mas àqueles que o amam e o têm por pai, pelo que se diz que “ele reserva a sensatez para o justo”. Assim, concedendo-lhes a sabedoria da sua Palavra e fazendo-a guiá-los através dos perigos do mundo, ele “protege quem anda com integridade, pois guarda a vereda do justo e protege o caminho de seus fiéis” — deve-se lembrar que o livro de Provérbios aponta a sabedoria como uma fonte de segurança para quem a segue (Pv 28.26). Assim, a busca pela sabedoria requer também um relacionamento pessoal com Deus, por meio do qual “você entenderá o que é justo, direito e certo, e aprenderá os caminhos do bem”. A conclusão é que devemos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para aprender a mensagem das Escrituras e para pô-la em prática — mas, por outro lado, precisamos depender de Deus para alcançar tal benefício. Um bom conselho nesse sentido é dado por Tiago, ao afirmar que, “se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida” (Tg 1.5). O resultado final é que “a sabedoria entrará em seu coração e o conhecimento será agradável à sua alma”.
1 O título desta meditação não é de autoria do Pr. Thomas Tronco.