Meditação © Amplo Publications

26 de agosto de 2015

Os Perigos de Pedir Perdão - parte 2

Bem, aí não há muito que fazer! Note bem: pedimos o perdão da pessoa; dispomo-nos a reparar algum prejuízo moral ou material que causamos (e esse lado não pode faltar — veja Lc 19.8). Entretanto, a pessoa se negou a perdoar. Diante disso, tudo o que nos resta é ir embora com a consciência tranquila. O que podíamos e devíamos fazer fizemos ou nos dispomos a fazer. Se a pessoa não aceitou... Oremos agora por ela e reparemos ao máximo os danos causados pelo nosso erro. Um dia talvez o perdão venha. Deus age no coração das pessoas.


O segundo perigo enfrentado pelo indivíduo que pede perdão é receber o que pede, mas isso ser precedido por algum tipo de castigo ou vingança. Ocorre que algumas pessoas, quando se veem diante de alguém que lhes pede perdão, interpretam isso como uma licença que lhes está sendo dada para ofender, atacar e humilhar ainda mais quem está tentando consertar as coisas. Elas pensam assim: “Se ele está me pedindo perdão, então está reconhecendo que a parte errada é ele. Isso agora me dá moral e autoridade para lhe dar uma boa lição”. Aí, prepara-se a bazuca e a devastação começa.


Essas pessoas não levam em conta que quem está diante delas já está se sentindo fragilizado, humilhado, tenso e triste e que, na verdade, é alguém que precisa de amparo, amor e um abraço de reconciliação, daquele tipo que restaura o coração mais esmagado e dolorido. Torturadores cruéis assim precisam aprender como é o perdão de Deus e imitá-lo, recebendo os “penitentes” com leveza, compaixão e simpatia.


Sim, pedir perdão é arriscado. Tem o constrangimento natural que a pessoa sente ao reconhecer diante de alguém que errou; tem a humilhação pela qual a pessoa passa ao se ver numa postura súplice, rogando ao seu semelhante que um erro que cometeu não seja mais levado em conta; tem a vergonha de recordar uma atitude feia que teve origem na maldade, na imaturidade, no descaso e na insensatez — coisas que insistem em brotar de dentro da gente.


Infelizmente, o desconforto de pedir perdão não se limita a essas coisas. Quem suplica o perdão de outro não sabe o que vai encontrar pela frente. Pode encontrar um coração fechado que diz não, vira as costas e vai embora impassível; ou pode encontrar um coração cruel que primeiro fere e só depois de se satisfazer com a tortura — depois de cobrar um preço amargo — concede o que lhe é pedido.


O servo de Deus, porém, quando ofende alguém, não tem outra escolha. Sua consciência influenciada pelo Espírito Santo não permite outra escolha. Ele se vê tentado a chutar a lembrança da ofensa para o canto e esperar que seja apagada pelo tempo. No entanto, lá no fundo ele sabe que uma ofensa velha e abandonada continua sendo uma ofensa e que, mesmo que seja esquecida pelo ofendido, diante de Deus ela continua ali, viva, brilhando, novinha em folha.


Por isso, mesmo com os fardos e riscos, ele se aproxima da pessoa a quem feriu e diz: “Preciso que você me escute um minuto. Eu errei contra você e o feri. Esse meu pecado trouxe dores e prejuízos que quero reparar a todo custo. Porém, antes de fazer qualquer coisa, gostaria que você me desse o seu perdão...”. O que virá a seguir? Não sabemos e isso assusta um pouco. Vamos, porém, em frente, lidando com um problema de cada vez.

pr. Marcos Granconato  Leia a Meditação Anterior pr. marcos granconato 

25 de agosto de 2015

 COMENTAR

Leia a Meditação Anterior  Os perigos de pedir perdão - parte 1