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26 de janeiro de 2015

Honra Própria


“Comer mel demais não é bom, nem é honroso buscar a própria honra” (Pv 25.27 NVI).



Durante a famosa disputa de xadrez entre Fischer e Spassky na Islândia (1972), um repórter escreveu sobre os 80 grandes mestres que assistiram ao campeonato mundial. Ele observou que os grandes enxadristas “nunca erram”. Ele concluiu isso porque, se os jogos seguiam um curso diferente do que eles haviam previsto, diziam que o erro não estava em sua análise, mas no fato de Spassky ou Fischer terem falhado na estratégia. Assim, esses mestres nunca admitiam ter perdido um jogo simplesmente por terem sido superados. O repórter observou “ironicamente” que os grandes mestres do xadrez só perdem jogos porque ficam doentes, ou porque o clima é muito quente ou muito frio, ou porque eles esbarram o dedo em alguma peça colocando-a na posição errada, ou porque o oponente trapaceia, ou porque comeram ou beberam demais. A ironia chegou ao seu ápice quando o repórter concluiu que nunca na história dos grandes mestres de xadrez um jogador saudável perdeu um jogo.



Esse problema é tão comum de se ver por aí quanto é irritante para quem o observa. A verdade é que muita gente se ocupa da própria propaganda sem demonstrar bom senso ou humildade. Assim, Salomão explica que “não é honroso buscar a própria honra”. Esse é um trecho cuja tradução é muito difícil e debatido, havendo muitas propostas sobre qual deveria ser o sentido correto. Entretanto, o modo como está aqui traduzido é preferível, pois se encaixa perfeitamente com a figura que diz que “comer mel demais não é bom”. O escritor utilizou a mesma figura do mel para ensinar moderação pouco antes, ao dizer que “se você encontrar mel, coma apenas o suficiente, para que não fique enjoado e vomite” (Pv 25.16). No v.27 ele volta a se referir ao mel como algo que “não é bom” caso seja consumido em excesso, sem a devida moderação. Apesar de o conselho valer por si só, Salomão o utiliza aqui como uma ponte aqui para versar sobre a busca pela “própria honra”.



Assim como o mel é bom em si, a honra também é. Porém, ambos deve devem ser buscados até o devido limite. No caso da honra, empenhar-se para ser honrado pelos outros é o que Salomão vê com maus olhos. É claro que quase ninguém faz isso abertamente, pois não é preciso ser tão sábio para saber como é feio quando alguém tenta se enaltecer diante dos outros. Mas a sabedoria está em não fazer isso nem de modo velado, como é mais comum. Nesse caso, a pessoa faz uma espécie de teatro no qual ela se esforça para se exibir como se estivesse agindo normalmente e como se seus comentários sobre si mesma fossem casuais e desinteressados. Mas a verdade é que quase todos percebem o que está por trás de algo assim, notando a falta de honra na busca por ser honrado. Honra é agir bem porque isso é o certo, fazendo-o em humildade. Quanto ao reconhecimento, que seja feito pelos outros e não por você mesmo (Pv 27.2).


 Pr. thomas tronco

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