A cláusula de exceção
Foi dito na pastoral anterior que o texto de Mateus 19.9 parece abrir uma exceção para o recasamento quando a causa da separação do casal for a infidelidade.
Essa impressão que o texto passa, contudo, não deve enganar o estudioso da Bíblia. Isso porque, na verdade, à luz da gramática grega e do ensino geral do Novo Testamento a cláusula de exceção pronunciada por Jesus só pode ser aplicada ao repúdio e não ao novo casamento. Veja-
De fato, um número notável de grandes exegetas é unânime em dizer que, no texto em questão, a exceção é aplicável apenas ao divórcio, permanecendo vedado o segundo casamento, mesmo em casos de adultério.
É o que explica o doutor em línguas bíblicas Carlos Osvaldo Cardoso Pinto:
As palavras de Jesus em Mateus 19.9, conforme entendidas por todos os comentaristas cristãos até o século 16 (com a única exceção, Ambrosiastro, no século 4), declarava que recasamento depois de divórcio implica adultério para todos os envolvidos... Essa posição, menos popular e praticamente mais complexa, entende que a frase “exceto em caso de relações sexuais ilícitas” (a chamada “cláusula de exceção”) modifica apenas a frase “se um homem se divorciar de sua mulher” (o que em linguagem técnica se chama prótase (oração condicional) e não a frase seguinte, “e casar com outra comete adultério” (que os eruditos chamam de apódose (oração principal) (O Divórcio. Revista Enfoque, p. 7).
Continuando sua exposição, o professor afirma que “a gramática e a estatística do Evangelho de Mateus exigem que a cláusula de exceção se refira apenas à frase que a precede”. Daí conclui que “o sentido das palavras de Jesus em Mateus 19.9 seria, portanto: ‘O marido não pode repudiar (divorciar-
Ao fim de toda essa discussão, alguém poderá perguntar: por que o nexo matrimonial é tão forte até o ponto de somente a morte poder quebrá-
Recorde-
Vê-
Concluindo, em face de tudo que foi dito, a igreja de Deus não pode concordar com o segundo casamento de alguém cujo cônjuge ainda esteja vivo. Por isso, essa igreja não incentivará nem promoverá o casamento de pessoas nessa condição, apontando o erro de quem segue nessa direção.
Entretanto, é bom destacar que pessoas divorciadas que chegam à igreja já tendo constituído nova família não devem ser rejeitadas. Evidentemente, nesses casos não há nada que fazer senão aceitar a situação tal qual se encontra, pois seria muito prejudicial forçar a dissolução do segundo casamento e quase sempre impossível viabilizar a restauração do primeiro. Por isso, crentes nessas condições devem ser recebidos normalmente na igreja, sendo-
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