Língua Fofoqueira escrito por 22 de janeiro de 2015

“Como o vento norte traz chuva, assim a língua fingida traz o olhar irado” (Pv 25.23 NVI).


Durante a administração de Abraham Lincoln, uma delegação de um estado do oeste dos Estados Unidos lhe trouxe um protesto escrito. O papel continha uma lista de acusações contra um senador de nome Baker, um amigo querido do presidente de longa data. As acusações atacavam o caráter de Baker. Segurando o papel na mão, Lincoln perguntou calmamente à delegação: “Este papel é meu?”. A resposta dos homens em sua frente foi afirmativa. “Posso fazer o que eu quiser com ele?”, perguntou o presidente. “Certamente, senhor presidente”, responderam. Lincoln, então, se dirigiu à lareira, colocou o papel sobre as brasas, virou-se para o grupo e disse: “Bom dia, cavalheiros”.


Esse é um exemplo raro de como as pessoas reagem a fofocas do modo correto. Não é para menos, já que Abraham Lincoln geralmente se portava de modo exemplar. Normalmente, o que ocorre é que as intrigas encontram espaço nos ouvintes e causam danos nos mais sólidos relacionamentos. Por isso, Salomão diz que “a língua fingida traz o olhar irado”. Literalmente, ele se refere à “língua de segredo”, expressão que seria melhor traduzida como algo próximo de “língua fofoqueira”. O problema abordado é o de tecer comentários em segredo a respeito de outras pessoas. Costumeiramente, isso ocorre com uma aparência de preocupação e de piedade por parte do fofoqueiro. Ao ouvinte desavisado, pode parecer que não se trata de fofoca, mas de um comunicado importantíssimo para o bem de todos. Mas não é isso que está por trás das palavras ditas sem o conhecimento do alvo dos boatos. A intenção é ruim e o objetivo é a destruição.


Infelizmente, esse resultado negativo é tão frequente que o escritor o compara à efetividade do “vento norte” ao trazer “chuva”. Apesar de a chuva em Israel não vir por meio do vento norte, esse pode ser apenas um modo grosseiro de se referir ao vento noroeste, que é o que realmente impulsiona as chuvas sobre o território israelita. O fato é que o escritor não está preocupado com a exatidão meteorológica, mas com a demonstração da relação de causa e efeito que há entre a fofoca e a discórdia plantada entre as pessoas que ouvem os boatos. Brigas indevidas são assim causadas. Amizades se partem ao meio. Relacionamentos acabam. Discussões inúteis acontecem. Por isso, esse provérbio é um alerta de que nunca se deve acreditar em uma fofoca logo de cara. É preciso trazer a verdade à tona e expor o fofoqueiro em vez do inocente. E quando não é possível apurar toda a verdade, o melhor a se fazer é imitar Abraham Lincoln ao rejeitar acusações que não são feitas diante do acusado.



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pr. Thomas Tronco 

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