O País da Felicidade escrito por 27 de novembro de 2014

Felicidade é um conceito “cheio”, ou seja, é um termo que, se for levado ao pé da letra, implica algo completo, sem lacunas. Se não for assim, o que teremos será apenas um arremedo da felicidade, uma sombra dela ou um breve lampejo.

Aqui uma definição pode ajudar a entender o que estou dizendo: Felicidade é o desfrute completo e constante de todo o bem unido à certeza de que essa condição não vai mudar. Se essa definição for aceita, ficará fácil perceber que a felicidade, no seu significado pleno, não pode ser encontrada aqui.


De fato, as pessoas muitas vezes atravessam tempos em que desfrutam alegremente de todo tipo de bens. Saúde, paz na família, realização profissional, conquistas pessoais, livramento de obstáculos, bons amigos, lazer, serenidade interior... Porém, mesmo nessas fases raras da vida, há sempre uma pequena sombra de temor ou de incerteza perturbando o coração: o medo de que tudo aquilo acabe, que a música tranquila no ar seja apenas o prelúdio traiçoeiro de um tempo de dores — o silêncio estratégico que precede o desferir de um novo golpe. Então, esse medo se apresenta como uma pequena mancha na bonita pintura do quadro e a felicidade em seu sentido real, pleno e transbordante, no final das contas, não é sentida.


Assim, como eu disse, parece óbvio que a felicidade com “F” maiúsculo não existe neste mundo. Ela não construiu sua casa aqui. De vez em quando vem pra essas bandas, mas só de passagem. E, ainda assim, em suas visitas não se exibe totalmente. Vem trajando um manto cinzento que lhe cobre a cabeça e um véu escuro sobre o rosto. Nunca vemos os contornos precisos da sua face.


Por isso, todas as pessoas que gastam a vida inteira procurando aqui a casa da Felicidade se frustram no final, descobrindo que perderam seu tempo. Alguns, inconformados, afirmam então que ela não existe, que é só uma projeção mental, um sonho ingênuo que nos leva à fadiga de uma busca inútil.


Essa conclusão, contudo, não parece ser correta. Isso porque no universo que Deus criou é fácil observar que para toda necessidade há também um fator que a supre. Há uma necessidade que chamamos de sede. Para supri-la temos a água. Há a fome. Para supri-la temos os alimentos. Temos o frio, o cansaço, o sono, a solidão... Mas encontramos aqui tudo o que pode aliviar completamente esses incômodos. Por isso, é razoável acreditar que a felicidade de que tanto precisamos existe, sim, no universo. Ela só não foi posta neste planeta. O fato de não a encontrarmos não significa que é uma fábula. Significa apenas que estamos procurando no lugar errado.


Onde, então, mora a Felicidade? Ela mora no país do Senhor, o Deus que a criou e a fez habitar ali. Ninguém jamais poderá conhecê-la se não entrar naquele país. A prova de que ela mora lá está em Apocalipse 21.4: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”. O que se tem aqui é precisamente o desfrute completo e constante de todo o bem unido à certeza de que essa condição não vai mudar — a Felicidade!


Por isso, as pessoas devem desistir da busca da real felicidade neste mundo e, em vez disso, buscar o caminho para o país de Deus. Nas Escrituras Sagradas aprendemos que esse trajeto passa por duas estações: a verdade e o perdão. Só quem abraça a verdade perfeita e obtém o perdão perfeito chegará ao reino da felicidade perfeita. Ora, a verdade perfeita está em Cristo, em sua Pessoa e em sua mensagem (Jo 14.6). Também o perdão perfeito somente ele oferece, por meio do sangue que derramou em lugar dos pecadores (Cl 1.14).


Não podemos, pois, nos iludir, acreditando que um dia poderemos chegar ao desfrute pleno do sumo bem ainda neste mundo. Se acreditarmos nisso, ficaremos deprimidos e frustrados. O que deve apaziguar nosso coração, como crentes que somos, é a alegria de saber que, no rumo certo da felicidade real já chegamos à estação da verdade, já passamos pela estação do perdão. Falta agora somente desembarcar no glorioso terminal, no país da Felicidade, onde ela mora, vive e caminha, sem manto e sem véu.

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pr. Marcos Granconato

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