"Todos tropeçamos de muitas maneiras. Se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito (τέλειος), sendo também capaz de dominar todo o seu corpo" (Tg 3.2).
Que grande desafio é proposto aos cristãos, não é mesmo? Viver numa comunidade cristã não é fácil, pelo contrário é uma verdadeira prova para a fé. Domar a língua é uma grande dificuldade para o cristão que invariavelmente se sente derrotado com o seu mau uso. Pare e pense quantas vezes você disse o que não devia, fez comentários negativos sobre determinada situação ou pessoa e acabou falando demais!
O Pastor Sayão diz que este texto de Tiago tem o propósito de humilhar cada um de nós, “pois todos tropeçamos de muitas maneiras”. Todavia, devemos confiar que Deus nos humilha com propósitos didáticos a fim de nos levar para mais perto dele, foi isso que ele declarou aos israelitas em Deuteronômio 8.2-3. Portanto, precisamos buscar de Deus sabedoria para domar nossa língua para que não tenhamos do que nos envergonhar: "Quem é sábio e tem entendimento entre vocês? Que o demonstre por seu bom procedimento, mediante obras praticadas com a humildade que provém da sabedoria" (Tg 3.13). O cristão não pode pisar na bola nesta área, pois quem controla sua língua domina todo o seu corpo. Por isso, precisamos demonstrar sabedoria no uso da língua, veja Tg 1.19,26; 3.2; 4.1,11. A seguir quero apresentar três razões porque devemos ser sábios no uso da língua.
1ª. A Língua tem a capacidade para DIRECIONAR as pessoas - 3:2-4. Tiago usa duas figuras aqui: Freios em cavalos [3.3] e leme nos navios [3.4]. Um cavalo precisa ser domando para ser montado e puxar carroça. Um navio necessita ser dirigido por um timoneiro sábio a fim de vencer os mares e a fúria dos ventos. Uma língua não domada é um perigo, pois pode levar à desgraça, veja os pastores midiáticos arrastando multidões atrás de si. Em ambas as ilustrações Tiago nos convoca para domar a língua a fim de sermos úteis para Deus.
2ª. A Língua tem poder para DESTRUIR vidas - 3:5-8. Já pensou que um simples comentário pode resultar em grande destruição. Aqui também Tiago usa duas figuras: o fogo [3.5-6] e o veneno [3.7-8] para falar do poder destruidor da língua que se vangloria de grandes realizações, mas também comete grandes injustiças [3.5]. As ilustrações do fogo e do veneno são muito claras, em ambas ele quer convencer o cristão sobre sabedoria no uso da língua.
3ª. A Língua tem poder para DESONRAR a Deus com sua incoerência - 3:9-12. Tiago usa duas figuras tiradas da natureza para mostrar a incoerência da língua. A criação é coerente com o seu propósito, por isso ela condena a incoerência da língua dos cristãos. A fonte de água doce sempre jorra água doce e a figueira sempre produz figos, portanto da boca de um cristão não pode sair louvor a Deus e maldição aos homens, isso seria incoerência, então Tiago arremata dizendo: “Meus irmãos, não pode ser assim!”
Meus queridos irmãos, vamos levar a sério a questão da língua, pois o seu mau uso tem conduzido a muitas tristezas, criado inúmeras contendas e causado tanta destruição, além de impedir a maturidade na fé. Convido você para assumir um compromisso de usar sua língua para glorificar a Deus “cantando e louvando de coração ao Senhor” (Ef 5.20) como pediu o salmista: “Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, Senhor, minha Rocha e meu Resgatador!” (Sl 19.14) e que, também, saibamos usá-la para edificar a vida dos outros, como exortou o apóstolo Paulo: “Sejam sábios no procedimento para com os de fora; aproveitem ao máximo todas as oportunidades. O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um” (Cl 4.5-6).