Meditação © Amplo Publications
“Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn 4.35).
Grosso modo, a providência divina pode ser definida como a ação pela qual Deus preserva, governa, controla, dirige, determina e regula cada evento ocorrido e cada detalhe presente em seu universo criado, de modo que nada exista ou aconteça por acaso.
Nos dias atuais, muitos crentes e até pastores têm negado a doutrina da providência, admitindo que Deus, até certo ponto, governa o mundo, mas que ele só determina algumas coisas. Eles afirmam que, se Deus determinasse tudo, então ele seria culpado por todas as decisões más tomadas pelos homens e também por todos os crimes e perversidades que as pessoas praticam. Assim, tentando inocentar Deus, os crentes de hoje mutilam sua soberania e poder, transformando o Senhor do universo numa espécie de observador, muitas vezes passivo, de tudo que ocorre ― alguém que se assenta numa arquibancada celeste e assiste ao jogo das ações humanas, torcendo para que os homens usem direito seu livre-
Faz um bom tempo, porém, que, curiosamente, esses mesmos crentes e pastores aprenderam a aceitar, sem qualquer objeção, outras formas de determinismo. Por exemplo, os cristãos em geral (e os não crentes também) acolhem sem grandes problemas o que chamamos de “determinismo químico”, ou seja, todos aceitam que as decisões tomadas pelas pessoas, muitas vezes, são fatalmente regidas pelas variações de suas taxas hormonais. Alterações nessas taxas determinam até mesmo se a pessoa decide passear ou ficar em casa no sábado à noite.
Há ainda um determinismo ético-
Circunstâncias diversas, eventos fortuitos e corriqueiros (como o olhar de um desconhecido, a picada de um inseto ou o latido de um cachorro) e a herança histórica de alguém, tudo isso exerce força irresistível sobre o modo como as pessoas tomam suas decisões, sendo, assim, determinantes da maneira como usam a vontade. Num certo sentido, é correto, portanto, dizer que todos vivemos, nos movemos e existimos sob a influência determinante da cultura, da história, das circunstâncias, do clima e dos hormônios!
Em Deus no movemos e existimos
Ora, conforme dito, os crentes em geral aceitam isso tudo com serena docilidade. Entretanto, em nossa microcultura “gospel” humanista, poucos cristãos admitem a verdade bíblica de que tudo no universo, inclusive as decisões das pessoas, estão sob a determinação e o controle divinos, esquecendo-
Em que pese, porém, o rancor da presente geração, a velha doutrina da providência absoluta permanece de pé na Palavra de Deus. Nessa santa Palavra, aprendemos que nem mesmo um pardal cai em terra sem a suprema determinação de Deus (Mt 10.29), que controla até o número de fios de cabelo que há sobre a nossa cabeça (Mt 10.30). De fato, o Senhor determina os rumos e a força dos ventos (Sl 148.8), os diferentes tempos e épocas da história e as regiões em que as pessoas devem morar (At 17.26). Nenhum mal acontece nas cidades sem que Deus o tenha feito (Am 3.6) e nenhuma crueldade toma lugar no mundo sem que ele a tenha planejado (Is 37.26-
Cada detalhe da vida dos seres humanos foi decretado por Deus (Jó 23.13-
A Bíblia é clara, mas o coração do homem é escuro. Estando assim em trevas, a natureza humana difama tudo que não entende (Jd 10), sendo essa a razão principal pela qual a doutrina da providência é tão atacada nos dias de hoje. Os que pela fé, porém, receberam uma nova mentalidade, acolhem com branda docilidade tudo que as Escrituras ensinam, atribuindo o que não entendem à limitação própria de sua condição humana e reconhecendo humildes que “justo é o Senhor em todos os seus caminhos” (Sl 145.17), até mesmo os mais intrigantes e obscuros.
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