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18 setembro de 2017

Vocês, porém, são!

“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus para anuncias as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.  I Pe 2.9



Você já visitou um orfanato? O que se percebe num lugar como esse é muita dor, pois as crianças estão machucadas por causa do abandono. Numa instituição que fui conhecer detectei que há um conflito duplo na vida dos meninos e meninas. Primeiro, percebi que existe uma crise de identidade: Quem eu sou? e, segundo, uma crise de função: o que estou fazendo aqui? A meu ver aquelas crianças crescerão com feridas na alma e serão vítimas de crises existenciais e morais, a menos que sejam adotadas e vivam num lar que lhes dê amor, carinho e respeito.


A primeira carta de Pedro não se destinava a uma Igreja específica, mas às várias igrejas na Ásia. Essas comunidades da fé eram formadas, em sua maioria, por pessoas como as crianças do orfanato, sem identidade e sem função: eram ‘peregrinos e forasteiros’, outros ‘escravos’, gente sem dignidade nem valor. Então Pedro escreveu para encorajar este povo que creu no evangelho e que, agora, fazia parte da Igreja do Senhor Jesus. O que eles precisavam saber?


Em primeiro lugar precisavam saber que eles eram pessoas sagradas para Deus – I Pe 2.4-5. Nós temos uma tolice de sacralizar coisas e lugares como os incrédulos que acreditam que “sagrado” esta relacionado com o lugar, com o culto e com as oferendas. Por exemplo, o Templo de Diana dos Efésios, era uma construção monumental, com cento e vinte sete colunas de mármore de vinte metros cada. Mas, o evangelho mostra que para Deus as pessoas é que são sagradas, em especial os cristãos, pois fazem parte de uma grande construção: “vocês estão sendo utilizados  para edificação de uma casa espiritual” – v.5. Que bênção!


Segundo, aquelas pessoas sem valor e sem dignidade precisavam ouvir que foram separadas pelo evangelho e chamadas para crer em Jesus, o Salvador – I Pe 2.6-7. Eles deviam saber que o Senhor também havia sido rejeitado e desprezado, como eles, portanto esta exortação era no sentido de que se aproximassem de Jesus, a Pedra Viva! (v.4ª); porque ele é a pedra angular, escolhida e preciosa para Deus (v.6); e que, portanto, quem confia em Jesus jamais será envergonhado, frustrado nem decepcionado. Que glória!

 

Terceiro, eles precisavam ser encorajados como pessoas que adquiriram identidade e função para Deus – I Pe 2.8-10. A nova identidade deles era ser “sacerdócio santo, geração santa, sacerdócio real, nação santa e povo exclusivo de Deus” – 2.5b, 9. Aqueles irmãos que viviam na Ásia sem nenhuma dignidade e respeito, que não eram considerados povo, como crianças no orfanato, agora são povo de Deus e alcançaram misericórdia. Eles receberam também uma função (propósito): Oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus e anunciar as grandezas daquele que os chamou para sua maravilhosa luz – v.9. Que privilégio!


Às vezes nos sentimos pequenos, sem valor e sem realização, não é mesmo? Queremos ter reconhecimento por coisas que fizemos, mas o salmista disse “a Tua graça (ó Deus) é melhor que a vida, por isso os meus lábios te louvam” (Sl 63.2). O nosso real valor está no fato de sermos povo de propriedade exclusiva de Deus por causa da sua misericórdia. Meus irmãos e irmãs nossas dores, traumas, medos e crises podem ser vencidos pelo poder de Deus à luz da nossa identidade em Cristo. Nosso bondoso e amoroso Deus, por sua infinita graça, tirou-nos lá do orfanato e nos adotou na sua família dando-nos o direito de sermos seus filhos e herdeiros do reino celestial. Que maravilhosa graça!

pr. sebastião machado

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