Meditação © Amplo Publications
A mente pós-
Geralmente, essa proposta é acompanhada pelo argumento de que as igrejas neotestamentárias não eram unidades institucionalizadas, de modo que seus membros se reuniam no contexto informal dos lares, livres dos complexos mecanismos organizacionais de hoje, os quais, segundo entendem, servem apenas para manter uma minoria intransigente em privilegiados postos de controle.
A pergunta que a análise crítica dessa proposta levanta é a seguinte: será mesmo que as igrejas do Novo Testamento não tinham nenhuma marca institucional? A resposta a essa pergunta, quando construída sobre bases bíblicas, desfere um terrível golpe contra a visão ultrainformal. Sim, pois desde o evento de Pentecostes (c. 30 AD) até a composição do livro de Apocalipse (c. 90 AD), ou seja, ao longo de um período de, aproximadamente, sessenta anos, a igreja primitiva desenvolveu uma estrutura de funcionamento que passou de um alto grau de informalidade à fixação de um modelo institucional comparativamente complexo, criado a partir das necessidades que as circunstâncias foram impondo com o passar do tempo.
Assim, se no ano 30 AD tudo que havia era a liderança dos apóstolos, dedicados somente à oração e ao ministério da Palavra (At 6.4), naquele mesmo tempo surgiu um grupo eleito pela comunidade cuja responsabilidade era cuidar das mesas das viúvas (At 6.1-
E as mudanças continuaram. Ao fim da Primeira Viagem Missionária (c. 47 AD), as igrejas fundadas por Paulo e Barnabé assumiram um formato diferente daquele inicialmente visto em Jerusalém. Com efeito, nas novas comunidades, o povo também aparece votando, dessa vez, porém, para escolher pastores (At 14.23) ― um grupo de líderes que, mais tarde, Paulo chama de “presbitério” (1Tm 4.14): mais um passo no rumo da institucionalização.
Logo em seguida, em cerca de 48 AD, a liderança eclesiástica apostólica, tão ligada ao modelo informal da igreja recém-
Componentes que marcam a igreja do Novo Testamento como uma instituição bem-
Aliás, os “diáconos”, como passaram a ser chamados, começaram a exercer um papel tão sério como líderes que, em cerca de 66 AD, Paulo escreveu a Timóteo dizendo que os mesmos requisitos impostos a quem desejasse ser bispo deveriam também ser exigidos dos que quisessem ser diáconos. A única exceção parece ter sido a aptidão para ensinar (1Tm 3.8-
Ademais, é impossível fazer alusão às Epístolas Pastorais (1 e 2Timóteo e Tito), sem lembrar que essas cartas, escritas em meados da década de 60, não somente mostram uma liderança institucional na igreja (1Tm 3.1-
Na organização mais complexa que já havia por volta de 66 AD, há até uma ordem de viúvas, na qual as participantes só podiam ser inscritas se preenchessem certos requisitos enumerados pelo apóstolo (1Tm 5.9-
Quão diferentes são entre si, portanto, as igrejas do Novo Testamento quando observados os diversos estágios em que se encontram no seu lento processo de organização. Realmente, a igreja de Jerusalém, sob a liderança de Pedro, é marcada por quase completa informalidade. A de Éfeso, porém, debaixo da autoridade de Timóteo, tem todos os traços de uma instituição religiosa madura, com um presbitério, um conselho de diáconos, um processo fixo para a formação e investidura de líderes, um conjunto de regras objetivas de funcionamento, várias normas relativas ao culto e uma associação formalmente organizada de mulheres carentes.
Assim, é vazia a crítica dos evangélicos que se insurgem contra a igreja como organização. Com efeito, não há nada de antibíblico no modelo eclesiástico institucionalizado. Na verdade, esse modelo é a expressão neotestamentária do estágio mais avançado de amadurecimento funcional de uma igreja.
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