Meditação © Amplo Publications
O livro de Jeremias informa que, ao tempo do exílio babilônico, um grupo de judeus decidiu fugir para o Egito, indo contra as orientações de Deus reveladas ao profeta (Jr 43.1-
Os papiros de Elefantina são muito interessantes. Neles é possível descobrir detalhes fascinantes sobre o dia a dia daquela sociedade em seus relacionamentos interpessoais, seus dramas familiares, seus conflitos religiosos e sociais, suas preocupações individuais... Há até informações sobre um judeu que se apaixonou por uma escrava egípcia e construiu com ela, por um longo período de vida a dois, uma bela história de amor, fidelidade e autodoação.
O mais curioso, porém, sobre os judeus de Elefantina é que eles construíram um templo! Sim, um templo semelhante ao que havia sido destruído por Nabucodonozor em Jerusalém. Ora, todos sabem que isso era proibido por Deus. O AT dizia expressamente que nenhum templo dedicado a Yahweh podia ser construído fora do local que o próprio Senhor havia apontado (Dt 12.4-
O fato é que eles construíram um templo a Yahweh em Elefantina e, certamente, os judeus de Jerusalém e da Babilônia não devem ter gostado nem um pouco disso. Como, porém, havia uma grande distância entre eles, os problemas com o templo não surgiram em decorrência de visões judaicas conflitantes. Os problemas com o templo do Senhor surgiram por causa dos egípcios que moravam em Elefantina.
A religião dos egípcios tinha como uma de suas marcas principais a divinização de animais. Eles adoravam crocodilos, cobras e gatos. Fílon de Alexandria, um judeu que viveu no século 1 da era cristã, disse ironicamente que se a religião egípcia fosse adotada no mundo inteiro, a raça humana seria extinta, sendo devorada por animais selvagens que, sendo supostamente divinos, não poderiam ser impedidos de fazer o que quisessem. De fato, os egípcios consideravam bem-
Em Elefantina não era diferente. Ali havia a adoração de Khnum, um deus-
Eu confesso que toda essa história dos judeus de Elefantina me fascina. Até porque, sem querer falar sobre os erros e acertos daquela antiga comunidade, penso que é possível, observando secamente os fatos, aprender daquilo tudo algumas coisas importantes para a experiência cristã. Uma delas ― a que mais prontamente me vem à cabeça ― é a lição de que o culto a Deus é ofensivo aos perdidos, pois mata todos os seus carneiros, isto é, todos os seus ídolos tolos.
Com efeito, no culto a Deus matamos o carneiro da autoglorificação, o carneiro da autossuficiência, o carneiro da autossatisfação e o carneiro da autoindulgência. Nesse culto aflora a nossa indignidade diante de um Deus infinito de quem dependemos até para respirar. Nesse culto não se tenta agradar ao adorador (como muitas “igrejas” fazem por aí), mas sim àquele a quem o culto é verdadeiramente devido. Nesse culto, a autoindulgência morre, posto que a pregação da Palavra santa põe o homem face a face com seu pecado, instando-
Mesmo assim prosseguimos. O antigo templo de Elefantina foi reconstruído, mas, infelizmente, os judeus prometeram solenemente não sacrificar mais carneiros ali. Conosco, porém, é diferente (ou, pelo menos, deve ser). Mesmo sob os mais ferozes ataques continuamos apunhalando os carneiros que o mundo adora. Pela graça de Deus, na Elefantina do verdadeiro cristianismo o altar nunca ficará vazio.
Meditação 2016 |
Meditação 2015 |
Meditação 2014 |
Sebastiao Machado |
Thomas Tronoco |
Marcos Granconato |
Craig Etheredge |
Armindo Lobato |
Jerry Crisco |
Marcus Wilding |
Bárbara Hulse |
Isaac Souza |