Meditação © Amplo Publications
“Todos os dias do oprimido são infelizes, mas o coração bem disposto está sempre em festa”. Provérbios 15.15
Meu pai teve uma infância muito humilde e cheia de dificuldades. Com seis anos de idade, ele ajudava minha avó a carpir terrenos e arrancar tocos do chão. Já jovem, trabalhou carregando caixas de pisos e azulejos tão pesadas que acabou ganhando uma força impressionante nos braços — conheci poucos homens mais fortes que meu pai. Em sua marmita, diariamente, havia arroz e chuchu, este último, vindo de um pé plantado no fundo do quintal. Um dia, cansado de tanto comer chuchu, ele cortou a planta de onde ele vinha. A partir daí, passou a levar somente arroz. Apesar disso tudo, ele estudou e trabalhou todos os dias, das 6 às 23 horas, por anos. Cresceu na vida, teve uma família, construiu uma grande casa e pagou a cara educação dos filhos. Hoje tenho uma vida bem melhor que a dele porque ele se esforçou para mudar a dura situação em que foi criado.
Meu pai não era crente na época, mas ele chegou à mesma conclusão que Salomão: “Todos os dias do oprimido são infelizes”. “Oprimido” aqui significa pobre ou necessitado. Quer dizer que não é fácil viver com privações de coisas necessárias para a vida, como comida, roupas, higiene, algum conforto e esperança. Por outro lado, o homem “que está sempre em festa”, desfrutando do bom fruto do trabalho e da vida responsável, esse tem “o coração bem disposto”. É claro que sempre houve quem, à luz desse texto, concluísse que o bom é aproveitar a vida sem se preocupar com nada, ou que não compensa ser honesto e passar uma vida cheia de privação, partindo assim para práticas ilícitas que tragam muito lucro financeiro e uma vida folgada. Mas não é nada disso que esse texto ensina.
O que o rei sábio tem em mente é desaprovar e desencorajar a atitude do preguiçoso. Ele que já havia dito que “o preguiçoso deseja e nada consegue, mas os desejos do diligente são amplamente satisfeitos” (Pv 13.4), olha agora para as consequências da preguiça e do trabalho e as aponta aos leitores para que desejem se banquetear do fruto do duro trabalho em vez de passar privações demais, consequências de preguiça, tendo com isso um coração abatido e triste. É como se pudesse pegar o leitor e levá-
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