Meditação © Amplo Publications

7 de abril de 2017

De Que Adianta!

“De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo?” (Tg 2.14).



De que adianta você dizer que ama seus filhos se não passa tempo com eles? De que adianta você afirmar que dirige muito bem, se não tem carta de motorista? De que adianta mostrar o diploma de engenheiro, se você não consegue fazer cálculos primários? Meus queridos irmãos, Tiago caminha nessa direção para levar sua argumentação sobre fé e obras. O problema levantado pelo escritor bíblico está na declaração vazia de “alguém que diz ter fé”, mas não evidencia esta fé por meio de obras. A gente costuma dizer que esta é “a fé na fé”.



Estas obras a que se refere Tiago não são para receber a justificação, mas para evidenciá-la por meio de atos praticados em obediência a Deus. “Paulo e Tiago querem dizer a mesma coisa com a palavra “obras”: atos praticados em obediência à palavra de Deus. A diferença entre eles é o contexto em que essas obras são praticadas. Paulo nega que as obras possam ter algum valor em nos colocar num relacionamento com Deus; Tiago insiste em que, uma vez estabelecido o relacionamento certo com Deus, as obras são essenciais para evidenciar a verdadeira fé” (Douglas Moo, Tiago. Introdução e Comentário, p.100).



A fé coerente e verdadeira se manifesta em atos que abençoa os que estão vivendo em necessidade dentro da comunidade. Este é o argumento de Tiago em 2.15-17, pois a verdadeira fé não fica somente nas palavras, mas se sensibiliza com os irmãos e irmãs em suas necessidades e se propõe a ajuda-los. Caso contrário, a fé que dá boa noite aos necessitados da comunidade é vazia, destituída de conteúdo e não salva ninguém. Em segundo lugar, a fé verdadeira se manifesta num viver digno do chamado de Deus, tal qual Paulo exortou os cristãos de Éfeso: “rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam” (Ef 4.1). Se a fé não levar o cristão a viver em dependência e submissão a Deus, então ela não passa de uma fé de demônios (2.18). E, por último, Tiago nos ensina que a verdadeira fé resulta em obediência a Deus, custe o que custar. Neste ponto, o escritor dá dois exemplos para ratificar a sua argumentação. [1] Abraão evidenciou sua fé salvadora (Gn 15.6) com obras quando obedeceu a Deus e foi oferecer seu filho em sacrifício (Gn 22.12). [2] Raabe demonstrou sua fé em Deus dispondo-se a sacrificar sua própria vida quando escondeu os espias. Mas, a fé falsa não se submete a Deus e não se dispõe a pagar nenhum preço de obediência, então na avaliação de Tiago “esta fé sem obras é morta”.



Meus queridos irmãos, precisamos cuidar para não nos tornarmos negligentes na prática da fé. Não basta dizer que tem fé, se esta fé não levar você ao arrependimento de pecados, submissão a Deus e mudança de vida. Não se esqueça da advertência de Jesus: “Naquele dia, muitos vão dizer: Senhor, Senhor...". Estes “muitos” tinham uma declaração de fé correta, mas uma vida destituída de boas obras, por isso Jesus lhes disse: “Nunca os conheci. Afastem-se de mim, vocês que praticam o mal”. De que adianta se Abraão ficasse dizendo que tinha fé, mas não evidenciasse sua fé: "Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que mais tarde receberia como herança" (Hb 11.8). Portanto, a fé de Abraão gerou obediência que levou à ação. Abraão ouviu o chamado de Deus, então creu, obedeceu e agiu, partindo para uma terra que Deus lhe mostraria. Que Deus nos ajude a evidenciar a nossa fé pelas obras de obediência à sua palavra.


pr. Sebastião Machado

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