Meditação © Amplo Publications
“O ladrão não é desprezado se, faminto, rouba para matar a fome. Contudo, se for pego, deverá pagar sete vezes o que roubou, embora isso lhe custe tudo o que tem em casa. Mas o homem que comete adultério não tem juízo; todo aquele que assim procede a si mesmo se destrói. Sofrerá ferimentos e vergonha, e a sua humilhação jamais se apagará, pois o ciúme desperta a fúria do marido, que não terá misericórdia quando se vingar. Não aceitará nenhuma compensação; os melhores presentes não o acalmarão” (Pv 6.30-
Assisti a uma reportagem de um programa policial que contou a história de um homem que, depois de praticar um roubo, foi preso. Enquanto esteve detido, sua esposa arrumou alguns namorados. Quando o ladrão deixou a cadeia, ficou sabendo da traição dela com um pedreiro e, chamando um comparsa, espancou o amante da esposa até a morte. A tragédia se abateu sobre todos, pois o amante terminou morto, o assassino voltou para a cadeia e a esposa está grávida, sem ter com quem contar. O repórter que fazia a matéria disse que o pedreiro “não imaginava que o namoro terminaria com uma fatalidade... a própria execução”. Mas a verdade é que não é tão difícil de imaginar ou prever algo assim.
O intuito de Salomão é terminar o capítulo argumentando sobre os perigos e as consequências do adultério. Dessa vez, o escritor utiliza uma comparação forte, pois diz que “o ladrão não é desprezado se, faminto, rouba para matar a fome”. Sua intenção não é justificar um roubo, mas dizer que, mesmo que se tenha dó de alguém que rouba para se alimentar, é certo que ele sofrerá as devidas punições, de modo que “se for pego, deverá pagar sete vezes o que roubou, embora isso lhe custe tudo o que tem em casa”. Ao que tudo indica, Salomão não faz uma referência direta à lei judaica, já que ela não previa um ressarcimento “sete vezes” maior (cf. Êx 22.1). Em vez disso, ele se preocupa em construir uma imagem que transmita a ideia de que nem sempre a consequência é proporcional ao erro, podendo arruinar alguém que aja de modo insensato e pecaminoso. Isso fica bem claro no início desse texto, mas é preciso lembrar que o assunto do trecho não é roubo e sim adultério. A consequência enfrentada pelo ladrão nesse texto serve ao propósito de mostrar que ela, por pior que seja, é muito menor que a tragédia que um adúltero pode enfrentar, de modo a concluir que “o homem que comete adultério não tem juízo; todo aquele que assim procede a si mesmo se destrói”.
Mas o que poderia ser pior que ser arruinado ao perder tudo que se tem? Salomão responde a isso dizendo que o homem tolo que se deita com uma mulher casada “sofrerá ferimentos e vergonha, e a sua humilhação jamais se apagará”. Há muitas razões para isso, pois, ainda que nossa sociedade tenha tendência a relevar esse tipo de mal, o adultério ainda fere o casamento e a família e, por isso, é visto com reprovação. Mas o escritor tem uma razão específica para prenunciar a destruição do adúltero, explicando que seu mal virá do cônjuge traído, “pois o ciúme desperta a fúria do marido”. Ainda que estejamos no século 21 e que relacionamentos se desfaçam a toda hora, ainda há reações violentas por parte de quem é traído e enganado. Quando isso ocorre, Salomão avisa que esse marido “não terá misericórdia quando se vingar”. No caso do ladrão, era possível remediar a situação oferecendo uma compensação, mas o marido traído “não aceitará nenhuma compensação; os melhores presentes não o acalmarão”. Assim, existe uma perigosa possibilidade de ele levar sua vingança a cabo. É isso que você quer? É a isso que você pretende se arriscar? Se a resposta for sim, além de pecador, você também é um grande tolo.
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