Meditação © Amplo Publications

10 de maio de 2018

Precipitação no Falar

“Você já viu alguém que se precipita no falar? Há mais esperança para o insensato do que para ele” (Pv 29.20 NVI).


A maior colisão naval em massa de que se tem notícia ocorreu ao largo de Terra Nova, no Canadá, em 27 de maio de 1945. Um comboio de 76 navios aliados se deslocava em direção Oeste, deslizando lentamente em meio a uma densa neblina, quando uma das embarcações atingiu um iceberg. Os marinheiros, imediatamente, fizeram soar o alarme de colisão. De pronto, todo o comboio desviou o curso de modo intempestivo, tendo como resultado a colisão de 22 navios em apenas dez minutos. Graças a Deus, nenhum deles afundou e ninguém morreu. Isso aconteceu no último dia em que os navios que atravessavam o Atlântico foram obrigados a navegar em comboio. O risco de atitudes precipitadas e impensadas como essa trágica sequência fez com que o transporte naval assumisse outros métodos.


É difícil saber como vamos agir em situações de pressão e de preocupação ou quando as emoções tomam conta de nós. Mas é certo que há uma chance muito grande de agirmos por impulso, precipitadamente e sem grandes reflexões sobre as consequências de nossas palavras e ações. Isso é tão comum acontecer na experiência humana que Salomão faz uma pergunta retórica para qual a resposta é um obrigatório “sim”, dizendo “você já viu alguém que se precipita no falar?”. Diante da constatação de que não apenas vimos outras pessoas agindo assim, como nós mesmos já caímos muitas vezes nesse erro, o escritor conclui duramente que “há mais esperança para o insensato do que para ele”. Outro provérbio utiliza a mesma fórmula e diz: “Você conhece alguém que se julga sábio? Há mais esperança para o insensato do que para ele” (Pv 26.12).


Assim, o rei sábio começa a delimitar uma categoria que ele considera pior do que o tolo comum — o qual já é merecedor das maiores reprimendas e censuras. Mas a categoria que supera a tolice regular envolve pessoas que não julgam necessário avaliar o que vão fazer por se acharem autossuficientes e imbatíveis, tornando-se arrogantes e, como diz o dito popular, trocando os pés pelas mãos nas coisas que fazem e dizem. Os resultados são terríveis! Por isso, algumas dicas práticas devem ser observadas, como sempre pedir a opinião de pessoas responsáveis e de confiança antes de agir e sempre conter os impulsos, negando-se a agir enquanto as emoções estão fortes. Um bom método é, sempre que as emoções aflorarem e pedirem por atitudes drásticas, guardá-las para a semana seguinte. Nesse tempo, nove em dez decisões precipitadas são alteradas para versões muito mais inteligentes e produtivas. Não menospreze esse perigo, pois “a conversa do tolo é a sua desgraça, e seus lábios são uma armadilha para a sua alma” (Pv 18.7).


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