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16 de fevereiro de 2018

Compromisso Mútuo  

Estava visitando uma família, em outubro de 1987, quando entrou uma jovem, a filha do casal, tinha 23 anos. Ela estava chegando do trabalho para o almoço. Em dezembro daquele ano aquela jovem foi na minha formatura e em fevereiro de 88 esteve no acampamento da nossa igreja. Então, depois de um tempo de oração, em maio de 88, começamos a namorar, noivamos em julho e nos casamos em outubro daquele ano. Se alguém me perguntar: Você é casado? Eu respondo afirmativo. Você pode provar? Sim! Então, eu apresento a minha certidão de casamento. Eu e Ethel assinamos um compromisso público demonstrando nosso amor um pelo outro. Agora, preste atenção, eu não amo minha esposa porque assinei um documento no cartório, mas empenhei minha assinatura porque eu a amava, e aquele documento permanece válido ainda hoje porque nós nos amamos.


A Trindade tem um compromisso mútuo chamado de pacto da redenção. A Bíblia afirma que fomos escolhidos em Cristo “antes da fundação do mundo” (Ef 1.4), e também o próprio Cristo é referido como “o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8). Só conseguimos entender isso à luz da eternidade quando o Pai e o Filho e o Espírito firmaram um pacto para salvar os eleitos. A Bíblia ensina que o Pai deu um povo para o Filho (Jo 6.39 10.29; 172,4-10; Ef 1.4-12) e se comprometeu em atrair este povo para que pudesse crer nele (Jo 6.44,65) e a oração sacerdotal de Jesus foi em favor desse povo (Jo 17.6,9,11,12) e este foi o propósito de Jesus ter vindo ao mundo (Lc 19.10). O Filho veio fazer a vontade do Pai (Jo 6.38), isto incluía morrer como sacrifício substitutivo do seu povo, chamado de ovelhas (Jo 10.11,15); a morte expiatória de Cristo na cruz foi feita em favor deste povo, do seu rebanho (Jo 10.16-17). O Filho se comprometeu em ressuscitar este povo que o Pai lhe deu (João 6.39,40,44). E, finalmente, o Espírito Santo se comprometeu em chamar, convencer, vivificar e guardar este povo em Cristo (João 6.63; Rm 8.29,30; Ef 1.11-13; Tt 3.5; 1 Pe 1.5). Portanto, quem assume um compromisso mútuo revela possuir um amor verdadeiro.


Eu ouço alguns dizerem: “Eu te amo! Mas, não posso ou não quero me casar. Para que assinar um papel? Assinar um documento não vai mudar em nada o que sinto por você!” Mas, quem ama precisa entender a necessidade do compromisso mútuo. Não existe amor livre nem descompromissado. Num texto escrito por Stephen Kanitz, o Contrato de Casamento, ele disserta sobre a necessidade de assinar um compromisso mútuo para selar o amor do casal: “Contratos, inclusive os de casamento, são realizados justamente porque o futuro é incerto e imprevisível. As promessas e os contratos preenchem essa lacuna, preenchem essa incerteza, sem a qual ficaríamos todos paralisados à espera de mais informação. Quando você promete amar alguém para sempre, está prometendo o seguinte: “Eu sei que nós dois somos jovens e que vamos viver até os 80 anos de idade”. “Eu sei que fatalmente encontrarei dezenas de mulheres mais bonitas e mais inteligentes que você ao longo de minha vida e que você encontrará dezenas de homens mais bonitos e mais inteligentes que eu”. “É justamente por isso que prometo amar você para sempre e abrir mão desde já dessas dezenas de oportunidades conjugais que surgirão em meu futuro”. Existe uma linha que demarca e define quem é e quem não é casado: O papel assinado. Morar junto com alguém não é casamento. Jesus disse isso para a mulher samaritana (João 4.16-18).


Da mesma forma quero afirmar que frequentar uma Igreja não significa ser membro desta Igreja. Muitos são frequentadores, mas não são membros. O que define quem é membro é o papel assinado – um pacto de membresia. Não é o papel assinado que fará a pessoa amar a Igreja, mas o amor pela Igreja fará este crente assumir um compromisso mútuo com outros cristãos tornando-se membro da Igreja local. O texto de I Co 5.9-13 tem um ensino precioso sobre quem é e quem não é membro da Igreja. Ali o apóstolo fala sobre disciplina e usa um termo, “os de dentro”, para esclarecer quem deve ser disciplinado pela igreja. Segundo ele “os de fora” é Deus quem julga. Portanto, “os de dentro” são os membros da comunidade local que assumiram um compromisso mútuo de amor uns com os outros. Entretanto, compromisso mútuo é uma decisão consciente. Ninguém pode entrar de gaiato no navio, digo na Igreja. O crente precisa conhecer a igreja, sua doutrina e querer ser membro dela. A Igreja local precisa saber quem são “os de dentro” para praticar os mandamentos recíprocos, “sobretudo, amem-se sinceramente uns aos outros” (I Pe 4.8).

pr. sebastião machado

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