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19 de abril de 2018

Os Direitos dos Pobres

“Os justos levam em conta os direitos dos pobres, mas os ímpios nem se importam com isso” (Pv 29.7 NVI).


Em 22 de junho de 1772, a escravidão foi efetivamente eliminada no território das ilhas britânicas. Embora a escravidão tenha gradualmente morrido na Europa após a introdução do cristianismo, ela não foi oficialmente proibida e, ocasionalmente, um dono de escravos do exterior trazia escravos com ele para a Grã-Bretanha. Por essa causa, foi decidido que um escravo se tornava automaticamente um homem livre ao colocar o pé na Grã-Bretanha. Mas essa decisão não tinha o menor efeito sobre a escravidão nas colônias ultramarinas. Até que William Wilberforce, que tinha sido profundamente influenciado por John Newton, ex-traficante de escravos e autor de Amazing grace, tornou-se um abolicionista e passou a pleitear com vigor o fim da escravidão por lei no Parlamento britânico, luta que durou muitos anos e que consumiu sua saúde. Em 1833, ele obteve sucesso, morrendo três dias depois.


Mas será que uma luta por direitos de terceiros vale a saúde e até a morte de um homem? Wilberforce diria que sim. Talvez ele até desse outra vida, caso a tivesse, pela mesma causa. Isso porque é verdade o que ensina Salomão, ao dizer que “os justos levam em conta os direitos dos pobres”. É claro que ninguém deve se empolgar demais com a expressão “direito dos pobres”, pois nosso mundo é muito bom para discursar sobre ele, ao mesmo tempo que faz muito pouco para efetivá-lo. Porém, não é por isso que todos devem abandonar a ideia de lutar pelos direitos dos necessitados, especialmente no que tange aos servos de Deus como William Wilberforce ou como Jó, o qual diz de si mesmo que “eu era o pai dos necessitados e me interessava pela defesa de desconhecidos” (Jó 29.16). Homens assim buscam o bem alheio sem segundas intenções. Porém, Deus não deixa de reconhecer sua bondade, pelo que se exclama: “Como é feliz aquele que se interessa pelo pobre! O Senhor o livra em tempos de adversidade” (Sl 41.1).


Com os ímpios isso acontece de modo bem diferente, pelo que o escritor explica que, enquanto os justos se dedicam a ajudar quem não tem condições de garantir seu bem-estar sozinho, “os ímpios nem se importam com isso”. Na verdade, a única pessoa com quem o ímpio se importa é com ele mesmo e, para garantir seu benefício, ele chega até mesmo a prejudicar aqueles a quem deveria proteger. Se isso já é ruim para o caráter de uma pessoa, sua situação fica ainda pior quando Deus lhe trata como sua maldade e ganância merecem, pelo que se diz que “quem fecha os ouvidos ao clamor dos pobres também clamará e não terá resposta” (Pv 21.13). Esse é o tipo de fato aparentemente contraditório que diferencia o cristianismo de todas as outras crenças, a saber, que quem prioriza os outros encontra o bem pessoal, enquanto quem busca seu próprio benefício acaba por perdê-lo. Qual desses dois tipos de pessoa é você?


pr. thomas tronco 1

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