Meditação © Amplo Publications

9 de outubro de 2015

O Perverso Não Tem Caráter

“O perverso não tem caráter. Anda de um lado para o outro dizendo coisas maldosas; pisca o olho, arrasta os pés e faz sinais com os dedos; tem no coração o propósito de enganar; planeja sempre o mal e semeia discórdia. Por isso a desgraça se abaterá repentinamente sobre ele; de um golpe será destruído, irremediavelmente” (Pv 6.12-15 NVI).



Há uma história no Talmude judaico sobre um rei que enviou dois bobos da corte em uma missão. Ao instruí-los, ele disse: “Você, bobo Simon, vai me trazer a melhor coisa do mundo. E você, bobo John, irá encontrar para mim a pior coisa do mundo”. Ambos os palhaços partiram e em pouco tempo estavam de volta, cada um carregando um pacote. Simon fez uma reverência e sorriu, dizendo: “Eis aqui, meu senhor, a melhor coisa do mundo”. Seu pacote continha uma língua. John riu e rapidamente desembrulhou seu pacote, dizendo: “Aqui está a pior coisa do mundo, meu senhor”. Era outra língua.



Essa pequena história serve para ilustrar o fato de que as palavras podem ser muito boas ou extremamente ruins. A intenção de Salomão, nesse texto, é abordar o segundo caso e tratar do pecado daquele que “anda de um lado para o outro dizendo coisas maldosas”, algo que ele não atribui apenas a um mero costume, mas à corrupção pessoal, explicando que “o perverso não tem caráter”. Por isso, não se trata de agir de modo impulsivo ou impensado, mas de uma ação planejada e maldosa. Parte dessa atuação é marcada pela dissimulação, de modo que esse perverso “pisca o olho, arrasta os pés e faz sinais com os dedos”. Essas são manobras de quem dissimula sua maldade, como, por exemplo, dizer algo agradável a alguém, mas piscar ou fazer gestos para outro a fim de revelar tramas ocultas e um pensamento diferente das palavras, dando uma boa rasteira em quem confiou nele. A bondade vista pela frente não passa de uma dura e perversa maledicência pelas costas das presas dos perversos.



Mais uma vez, Salomão quer que seu leitor entenda que ele fala de um tipo de pessoa que “tem no coração o propósito de enganar”, sendo alguém mais perigoso que o simples tolo que não pensa antes de agir. Este “planeja sempre o mal e semeia discórdia”, o que ele faz com sorrisos no rosto e frases de apreço e preocupação enquanto coloca uns contra os outros. Gente assim, “que provoca discórdia entre irmãos” (v.19), é abominada pelo Senhor, de modo que “a desgraça se abaterá repentinamente sobre ele; de um golpe será destruído, irremediavelmente”. O caráter definitivo da queda dos traiçoeiros maledicentes deixa claro ser essa a obra divina em termos de punição de quem de fato merece severo juízo. O que o texto não deixa claro é o momento em que isso se cumpre, podendo ser a menção de um duro juízo temporal, do julgamento final, ou de ambos. O fato é que o Senhor vê os corações dos homens e reconhece todas as mentiras e tramas, ainda que estejam ocultas aos olhos humanos, e as odeia, reservando severo castigo para quem age desse modo. Portanto, pergunte-se se você é daqueles que preferem uma breve e passageira vantagem ou a bênção futura ao lado daquele que nunca engana ou trai seus filhos.

pr. thomas tronco pr. sebastião machado

12 de outubro de 2015

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