Meditação © Amplo Publications

30 de outubro de 2015

Alerta Contra o Adultério e Imoralidade

“Da janela de minha casa olhei através da grade e vi entre os inexperientes, no meio dos jovens, um rapaz sem juízo. Ele vinha pela rua, próximo à esquina de certa mulher, andando em direção à casa dela. Era crepúsculo, o entardecer do dia, chegavam as sombras da noite, crescia a escuridão. A mulher veio então ao seu encontro, vestida como prostituta, cheia de astúcia no coração. (Ela é espalhafatosa e provocadora, seus pés nunca param em casa; uma hora na rua, outra nas praças, em cada esquina fica à espreita). Ela agarrou o rapaz, beijou-o e lhe disse descaradamente: ‘Tenho em casa a carne dos sacrifícios de comunhão, que hoje fiz para cumprir os meus votos. Por isso saí para encontrá-lo; vim à sua procura e o encontrei! Estendi sobre o meu leito cobertas de linho fino do Egito. Perfumei a minha cama com mirra, aloés e canela. Venha, vamos embriagar-nos de carícias até o amanhecer; gozemos as delícias do amor! Pois o meu marido não está em casa; partiu para uma longa viagem. Levou uma bolsa cheia de prata e não voltará antes da lua cheia’. Com a sedução das palavras o persuadiu, e o atraiu com o dulçor dos lábios. Imediatamente ele a seguiu como o boi levado ao matadouro, ou como o cervo que vai cair no laço até que uma flecha lhe atravesse o fígado, ou como o pássaro que salta para dentro do alçapão, sem saber que isso lhe custará a vida”  (Pv 7.6-23 NVI).


O capítulo 7 dá seguimento ao alerta contra o adultério e a imoralidade assumindo uma forma diferente e marcante, a partir de uma vívida narrativa na qual Salomão conta que “da janela de minha casa olhei através da grade e vi entre os inexperientes, no meio dos jovens, um rapaz sem juízo”. Não é possível saber se Salomão conta um fato específico do qual foi realmente testemunha ocular ou se ele compõe essa narrativa com fins didáticos a partir de seu conhecimento da vida e dos relacionamentos. É possível que se trate de uma mistura dos dois, tendo ele visto a movimentação do rapaz e da mulher adúltera e tenha também suposto um diálogo que é comum a uma situação assim, já que dificilmente podia ouvir de sua janela o que se dizia entre aquelas pessoas. De qualquer modo, o “rapaz sem juízo” que ele avistou “vinha pela rua, próximo à esquina de certa mulher, andando em direção à casa dela”. Parece que a tolice do moço vem inicialmente de ele andar na vizinhança da mulher que é fonte de tentação, mesmo sabendo que aquele que anda perto de um penhasco pode vir a cair nele.


Tão logo o viu, “a mulher veio então ao seu encontro, vestida como prostituta, cheia de astúcia no coração”. Não é possível ver o coração das pessoas, mas é possível notar o que há nele ao ver seus efeitos externos, como as vestes provocantes e a atitude sedutora. Em função disso, o texto pinta o “rapaz sem juízo” como alguém ingênuo e não exatamente um pervertido. Sua tolice pode ser vista quando “ela agarrou o rapaz, beijou-o” e ele não a repeliu imediatamente, deixando a porta aberta para que a sedução continuasse. A insensatez e a falta de juízo infelizmente levam o tolo à mesma armadilha em que o depravado cai de boa vontade. Porém, se esse rapaz estava despreparado para repelir a tentação, a mulher, por sua vez, estava completamente organizada para apanhar sua presa, de modo que, mesmo fazendo algo pecaminoso, ela deu um tom religioso à ocasião, dizendo “tenho em casa a carne dos sacrifícios de comunhão, que hoje fiz para cumprir os meus votos. Por isso saí para encontrá-lo; vim à sua procura e o encontrei!”. Alguém que buscasse purificação de verdade nunca trairia seu marido ou seduziria outro homem, de maneira que essa foi apenas uma artimanha para suavizar a feiura do pecado. É como se hoje em dia uma mulher que quisesse seduzir um servo de Deus lhe dissesse: “Foi Deus quem colocou você no meu caminho”.


Mas por que uma mulher casada procuraria os braços de outro homem? Será que seu marido não a tratava bem, nem lhe dava o carinho de que tanto precisava? É possível que sim. Mas a verdade é que esse procedimento não era decorrente de um sentimento momentâneo e sim de um caráter corrompido que é visto na afirmação de que “ela é espalhafatosa e provocadora, seus pés nunca param em casa; uma hora na rua, outra nas praças, em cada esquina fica à espreita”. Sendo assim, seu próximo passo é aguçar a imaginação da sua presa com palavras doces e com promessas aprazíveis, dizendo: “Estendi sobre o meu leito cobertas de linho fino do Egito. Perfumei a minha cama com mirra, aloés e canela. Venha, vamos embriagar-nos de carícias até o amanhecer; gozemos as delícias do amor!”. O rapaz tolo jamais deveria ter deixado a conversa chegar a esse ponto. O momento de repelir a tentação é quando se percebe uma atitude provocante e toques sugestivos. Como ele não fugiu quando podia, essas palavras são uma armadilha da qual ele quase não tem mais possibilidade de escapar.

A única coisa que ainda separa esse rapaz do leito da mulher infiel é o medo de ser pego pelo marido, fazendo-o hesitar ou, pelo menos, pensar a respeito. Mas a mulher sedutora está decidida a levar o rapaz consigo, pelo que lhe garante: “O meu marido não está em casa; partiu para uma longa viagem. Levou uma bolsa cheia de prata e não voltará antes da lua cheia”. Desse modo, “a sedução das palavras” convence o moço que, sem nenhum juízo, “a seguiu como o boi levado ao matadouro, ou como o cervo que vai cair no laço até que uma flecha lhe atravesse o fígado, ou como o pássaro que salta para dentro do alçapão, sem saber que isso lhe custará a vida”. A partir daí, Salomão deixa que a imaginação do leitor preveja o retorno do marido antes do previsto ou a chegada das notícias do adultério aos ouvidos do homem traído, de modo que o resultado é a vingança raivosa e intratável da qual o escritor alertou seu leitor no início do capítulo. Por isso, não seja tolo de se deixar levar por palavras sedutoras, de permitir que se façam em você carícias extraconjugais ou de acreditar em promessas de que o mal permanecerá oculto. Na eventual possibilidade de se ver em uma situação dessa, siga o exemplo de José que “se recusou” a ceder aos convites da mulher de Potifar (Gn 39.8) e que “evitava ficar perto dela” (Gn 39.10). Normalmente, isso bastará. Quando não bastar, lembre-se de que José “fugiu” daquela mulher e da tentação que o ameaçava (Gn 39.12). Faça o mesmo!

pr. thomas tronco pr. sebastião machado

29 de outubro de 2015

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