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3 de agosto de 2016

Crente se Diverte?

Essa pergunta serviu para delinear o tema do 9º Encojovem, realizado em nossa igreja na semana passada. Segundo entendo, trata-se de um questão que merece como resposta um retumbante “sim”. Na verdade, o povo de Deus, quando não está enfrentando a perseguição dos incrédulos ou cultuando solenemente a Cristo, é um povo bastante divertido, havendo, inclusive, fundamento bíblico-teológico para que seja assim.


De fato, a Palavra de Deus mostra o Senhor, ao tempo do AT, fixando inúmeras festas no calendário israelita e ordenando que o povo se alegre na sua presença (Dt 16.11). O livro de Eclesiastes, em particular, orienta o jovem a se divertir (Ec 11.9-10) e diz que o homem deve gozar a vida com sua esposa todos os dias que andar “debaixo do Sol” (Ec 9.9). Também no NT encontramos o próprio Jesus frequentando festas (Jo 7.37) e, como se sabe, as reuniões da igreja primitiva eram marcadas por refeições animadas de que todos participavam alegremente (At 2.46).


Diferente da diversão dos incrédulos, porém, a diversão que se vê na Bíblia tem razões e fundamentos específicos. Não é diversão pela diversão. O povo de Deus come, bebe, ri e se alegra porque tem um motivo definido para isso. E esse motivo é que ele foi liberto. Os eleitos da graça reconhecem que foram escravos (do Faraó, do Egito, do mundo, da mentira, do pecado, do diabo...), mas que o Senhor os livrou com mão forte, dando-lhes uma nova vida, cheia de alívios, desafios, forças, entendimento e esperança. Então, mesmo enxergando as agruras comuns da presente realidade e as provocações constantes dos perversos, os crentes reservam espaços no coração e na agenda para a festa, para o riso, para o canto, para o bate-papo descontraído, para o filme com pipoca, para a música e para as anedotas. Sim, se tem um povo que se diverte, sabe se divertir e tem base sólida para isso, esse é o povo de Deus.


Os incrédulos, por outro lado, não têm nada disso. Em primeiro lugar, eles não se divertem como dizem. O que chamam de diversão é só embriaguês, prostituição, baixaria e conversas chulas. Ao final de uma noite “divertida”, eles vomitam as tripas por causa do porre que tomaram e, não raro, dominados pelo álcool e pelas drogas, causam acidentes, destroem a própria saúde, provam uma chocante erosão moral em experiências degradantes e, afinal, caem num poço de depressão, sem entender porque há uma escuridão tão densa dentro da alma fria que teima em ser infeliz.


Em segundo lugar, os incrédulos não têm razão alguma para se divertir. Na verdade, dá pra suspeitar que a “diversão” deles tem como alvo sufocar a triste percepção de que não têm razão alguma para dar risada. Sua alegria é fingida ou, na melhor das hipóteses, incrivelmente fugaz; suas festas são artificiais, cheias de hipocrisias, falsas amizades e intenções perversas. E isso não é de surpreender. Afinal de contas, que razões teriam os descrentes para festejar, cantar ou se alegrar? Eles vivem na escuridão, não encontram sentido na vida, têm um coração oco e gelado, abrigam uma alma sedenta e faminta, banqueteiam-se com podridões que lhes tiram a saúde e envenenam seu caráter, buscam ideais que, quando alcançados, não os satisfazem, e sempre, a cada festa que promovem, são lentamente espoliados de qualquer coisa proveitosa que ainda reste em sua vida. Que divertido!


Resumindo tudo: crente se diverte? Sim. E muito! Quem não se diverte são os incrédulos. E pra piorar, eles se esforçam para acreditar (alguns, menos inteligentes, acreditam mesmo) que sua diversão é real quando não passa de mera depravação com perfume passageiro de alegria. De toda essa “diversão”, o resultado inexorável é a dor e o vazio alojados num coração escuro, cravejado de valores e pensamentos banais — um coração morto, incapaz de produzir uma conduta nobre ou mesmo um simples conselho sadio.


É triste, mas é isso. Bem, agora é bom parar por aqui porque essa conversa não tem lá muita graça. Ir além pode nos deixar até meio desanimados. Eu disse o que tinha que dizer e nisso tudo houve um tom de lamento. Já basta! Talvez agora seja melhor a gente se divertir um pouco.

Pr. Marcos Granconato

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