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9 de março de 2016

Como Receber o Espírito Santo

“Gostaria de saber apenas uma coisa: foi pela prática da lei que vocês receberam o Espírito, ou pela fé naquilo que ouviram?” (Gl 3.2).


São muitas as pessoas que acreditam que o recebimento do Espírito Santo é uma bênção dada depois da conversão. Geralmente, essas pessoas também acreditam que a evidência de que o Espírito foi dado é o falar “línguas estranhas” — uma enxurrada de sílabas soltas, sem sentido algum.


O que mais escraviza essa gente, porém, é a crença de que para receber o Espírito Santo é necessário que o crente se empenhe numa busca contínua e incessante — uma luta que pode durar anos — fazendo tudo para passar pela sonhada experiência que, segundo entendem, colocará o cristão num patamar de espiritualidade mais elevado.


Na Bíblia, porém, ninguém que recebeu o Espírito Santo, e também ninguém que falou em línguas (as verdadeiras!) jamais se empenhou na busca de nada disso. Não há, portanto, nas Escrituras, nenhum exemplo de pessoas buscando intensamente o recebimento do Espírito como a gente vê especialmente no meio pentecostal. Essa prática é estranha ao Novo Testamento e se constitui apenas em mais uma novidade desse povo.


Mesmo assim, milhares de crentes sofrem, se angustiam, se sentem frustrados, cansados e temerosos, enquanto se empenham numa procura inútil por algo que é resultado apenas de emoções, de autossugestão e de pressões do grupo. Em meio a suas preocupações, esses irmãos mal instruídos perguntam: “Por que não recebo logo o Espírito? O que preciso fazer, afinal, para que isso me seja dado?”. As respostas que surgem, então, vindas de mestres sem instrução, as escravizam ainda mais. Os tais mestres dizem a essas pobres almas que é preciso orar com fervor (gritos, clamores, lágrimas...), fazer longas vigílias (especialmente em lugares isolados como florestas e montanhas), louvar vigorosamente a Deus (sapateando, pulando, rodopiando), jejuar por dias a fio... Enfim, segundo dizem, a pessoa tem que se sujeitar a diferentes “receitas”, esforçando-se ao extremo, tudo para obter o que, na verdade, é dom da graça divina e de nada mais.


O texto que encabeça este artigo, porém, vai contra tudo isso. Paulo deixa claro em Gálatas 3.2 que nem mesmo a guarda da Lei divina pode conferir o Espírito Santo a alguém. Ora, a Lei de Deus é a perfeição da justiça! É de origem sobrenatural — algo santo, perfeito, justo e bom (Rm 7.12). Se a observância dessa Lei não confere o Espírito Santo a uma pessoa, como acreditar que a observância de regras humanas o fará? Se Deus não dá o Espírito nem mesmo a quem cumpre o que Moisés falou com base na revelação, acaso o dará a quem cumpre o que o pastor pentecostal falou com base em invenção?


O fato, porém, é que, como disse o bom e velho Paulo no texto acima, o Espírito é dado a quem crê na pregação apostólica. Para recebê-lo, basta somente isso: crer! Foi precisamente essa lição que o mesmo Paulo ressaltou na Epístola aos Efésios: “Quando vocês ouviram em creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados em Cristo com o Espírito Santo da promessa” (Ef 1.13).


Quão libertadora é essa verdade! Quantos crentes sinceros não se livrariam de fardos pesados, de horríveis sentimentos de culpa, de frustrações amargas e até de encenações grotescas caso assimilassem essa maravilhosa mensagem de Deus! Infelizmente, porém, o orgulho humano resiste a qualquer coisa que lhe remova o mérito de suas “conquistas”. Por isso, ao que tudo indica, o meio evangélico continuará ainda por muito tempo a ver gente berrando, chorando e se desgastando na busca de algo que vem de pronto e de graça quando o homem crê no evangelho.

pr. marcos Granconato 

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8 de março de 2016