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23 de maio de 2016

Sobre o Jejum

Vou expressar minha opinião acerca deste assunto. O jejum foi exigido por Deus para Israel, no Velho Testamento, apenas uma vez no ano, no dia da Expiação – Levítico Lv 16.29, 31; 23.27-32; o jejum estava indicado na expressão - “afligir a alma”. No Dia da Expiação – o dia nacional do perdão – Deus prometeu remover o pecado da Nação – até que viesse o sacrifício perfeito de Jesus Cristo: “Cristo foi oferecido em sacrifício um única vez, parar tirar os pecados de muitos” – Hb 9.28.


No dia da Expiação dois bodes eram trazidos perante o Sumo Sacerdote, um deles era sacrificado para fazer expiação pelos pecados e o sangue era colocado no propiciatório, no Santo dos Santos. O dia da expiação era o único dia em que alguém, especialmente o Sumo Sacerdote, podia entrar no Santo dos Santos. O outro bode era levado para o deserto e solto – significava que ele levava para longe o pecado da Nação – o pecado era removido. Estes dois bodes representam a obra de Jesus: Perdão e Purificação dos pecados. O sangue de Jesus derramado na cruz é a propiciação pelos nossos pecados, portanto somos perdoados por Deus e os pecados são removidos, retirados de nós: “Dos seus pecados e iniquidades não me lembrarei mais. Onde esses pecados foram perdoados, não há mais necessidade de sacrifício por eles. Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Lugar Santíssimo pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo” – Hb 10.17-20.


A Escritura de Levítico é a única ordem de Deus, sobre o jejum, que encontramos na Escritura. Os judeus abusaram desta Lei. Inclusive os fariseus (partido religioso judeu), incrementaram o jejum para ser realizado duas vezes por semana. A motivação estava errada porque se tornou algo religioso, um ato praticado para atrair o favor e a bênção de Deus. Portanto estava baseado em Méritos: A motivação daquele que jejuava era que Deus ao olhar para o seu sacrifício - ao jejuar - dispensaria ajuda, bênção material e proteção.Era tipo uma troca: “Deus, ó, estou fazendo isto, agora o senhor é obrigado a fazer aquilo”.


Esta idéia de mérito – barganha – infelizmente ainda está na mente de muitos cristãos, principalmente os da ala pentecostal. O jejum é promovido entre os fiéis como uma forma de “pressionar” a Deus para responder uma oração ou conceder uma bênção material. Deus se torna obrigado (é o que ouvimos nos sermões deles) a fazer o que você está querendo porque você está jejuando. Então, dizem eles, exija seus direitos porque Deus está amarrado ao seu sacrifício. Misericórdia!


Por isso, devemos tomar cuidado. No Novo Testamento você tem alusões aos jejuns praticados pelos israelitas (Velha Aliança), mas não tem nenhum texto normativo, ou seja, nenhuma ordem ou norma para praticá-lo. Portanto, no cristianismo não há obrigação de jejuar, quem pratica, pratica-o de livre vontade. Quem não pratica o jejum não é menos espiritual do que aquele que o faz.


Jesus confrontou os fariseus porque tinham uma idéia errada sobre o jejum e se gabavam de jejuar para serem aceitos por Deus, na verdade eles jejuavam para serem vistos – como espirituais – pelos homens. Então, OBSERVE A ORIENTAÇÃO DE JESUS: "Porém tu, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto. Para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em oculto; e teu Pai, que vê em oculto, te recompensará" (Mt6.17,18). Portanto, desconfie da sinceridade daqueles que proclamam – com ar de espiritualidade - aos quatro ventos que estão jejuando.


O JEJUM, se você quiser fazê-lo para se dedicar em oração e comunhão com Deus, deve ser realizado entre você e Deus, na particularidade da sua vida cristã, no desejo sincero de buscar a Deus. Jejuar é abster-se de algo prazeroso fisicamente (pode ser alimento, sexo, TV, etc) para ter um tempo exclusivo dedicado a Deus em oração. Minha sugestão é usar este tempo para “avaliar o coração e confessar seus pecados”, colocar diante do Trono da Graça sua “crise econômica ou relacional”, “sua enfermidade”, “sua situação difícil”, “seus familiares incrédulos, etc, rogando, com humildade, a atuação do Pai nestas causas que estão além da sua capacidade humana de mudar.


Temos muitos exemplos de pessoas que jejuaram. Temos o exemplo de Moisés. Temos o exemplo de Ana que com tristeza de alma jejuou por um filho. Temos o exemplo de Jesus que jejuou durante 40 dias. Mas, são exemplos, não ordens a serem obedecidas. Preste atenção, a Bíblia também não determina a quantidade de dias que um jejum deve durar e nem se este tem que ser total (abstinência de sólidos e líquidos) ou parcial. Mais uma vez, você escolhe livremente como será feito, se quiser fazê-lo, sem a necessidade de ventilar para os outros a sua prática.


Para terminar esta reflexão quero me voltar para uma promessa de Jesus. Temos em Mateus 6.18 um grande incentivo para o jejum se feito da forma correta, com a motivação certa - a promessa de que Deus “vê e recompensará”, mas não por obrigação nem por causa do seu sacrifício, entretanto porque nosso Deus é um Pai amoroso, fiel e cheio de misericórdia.

pr. sebastião machado

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