“Como o cão volta ao seu vômito, assim o insensato repete a sua insensatez” (Pv 26.11 NVI).
No Norte de Minas, visitei o sítio de um amigo que criava algumas cabeças de gado. Seu orgulho era uma vaca leiteira muito vistosa. Ao vê-la, ele me pediu que passasse a mão nela para ver quanto leite ela tinha a dar. A princípio fiquei reticente e disse a ele que eu não queria incomodá-la. Como ele insistiu, atendi seu pedido. A vaca parecia não saber do desejo do seu dono, pois me deu um coice muito forte. Assustado, afastei-me dela, mas meu amigo me pediu para repetir a ação. Quando eu o lembrei de que ela havia acabado de me atingir, ele disse que ela tinha apenas se assustado e insistiu no pedido — ele não queria meu mal, mas apenas que eu admirasse o animal que ele tanto gostava. Motivado pelo desejo de deixá-lo feliz, aproximei-me novamente da vaca apenas para levar outro coice. Se antes eu me sentia bondoso por fazer algo que era importante para meu amigo, depois do segundo coice passei a me sentir apenas um tolo por não ter aprendido a lição no primeiro coice.
Esse provérbio, bem conhecido em parte por causa da citação em 2Pedro 2.22, tem algo a dizer em situações como essa. Salomão oferece uma comparação na qual a figura é a de um “cão que volta ao seu vômito”. Essa é uma imagem forte e repugnante, na qual o cão, tendo primeiro vomitado, deita-se e rola sobre a sujeira em vez de sair de perto, ficando sujo e tremendamente malcheiroso. Ninguém gostaria de chegar perto de um animal assim. Por isso, essa é uma comparação que serve ao escritor para ilustrar a extrema e repugnante tolice do “insensato que repete a sua insensatez”. É claro que o pecado fez com que o entendimento humano se tornasse falho, tornando-o uma fonte de tolices. Entretanto, a capacidade de aprendizado que Deus deu a homem na criação lhe permite aprender para não voltar a errar. Uma falha drástica, porém, é ignorar o aprendizado e voltar ao erro do mesmo modo.
Salomão não diz, mas o provérbio traz implícita a ideia de que houve consequências na ocasião da primeira tolice, já que o insensato devia aprender com sua experiência — às vezes, não há professor melhor que o próprio sofrimento. Contudo, o quadro pintado pelo rei sábio enfoca o tolo voltando a cometer a mesma loucura. Isso é algo tão impróprio quanto um animal rolar sobre seu próprio vômito. Por isso, olhe para sua própria experiência em comparação com a sabedoria da Palavra de Deus. Lembre-se também das consequências ruins que você colheu no passado, depois de plantar ações tolas. Recorde quanto sofrimento você atravessou e, temeroso de reviver momentos dolorosos, fuja das ações e das decisões tolas, mesmo que elas tragam prazer momentâneo. Normalmente, o prazer é rápido, mas as consequências são demoradas. O aprendizado da caminhada com Deus também é longo. Não fique voltando atrás. Prossiga para o crescimento e edificação da sua vida e da comunhão com seu salvador. Se a vida já lhe deu um coice, aprenda com a experiência e fuja das patas da tolice.