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16 de maio de 2018

O Cúmplice do Ladrão

“O cúmplice do ladrão odeia a si mesmo; posto sob juramento, não ousa testemunhar” (Pv 29.24 NVI).


Eu soube de uma mulher que apanhou dos vizinhos. Não foi nada como um linchamento, mas ela tomou uma boa surra. A razão é que ela sabia dos maus tratos que seu vizinho mantinha em relação ao seu pequeno enteado. Ela sabia que ele era violento com o menino e que às vezes o espancava severamente. Porém, ela nunca interferiu, nem tampouco denunciou a ação criminosa daquele homem. Sentindo-se invulnerável e impune, certo dia aquele padrasto espancou o enteado até a morte. Quando os vizinhos, depois do choque por causa da morte trágica, souberam que a vizinha tinha conhecimento e nada fez, consideraram-na corresponsável pela tragédia e lhe deram uma surra. Tentando fugir de encrencas, aquela mulher se meteu numa maior ainda.


Às vezes, pensamos que a criminalidade é uma característica exclusiva dos nossos dias, mas isso não é verdade. A Bíblia mostra a ação de criminosos do passado e também de seus cúmplices, dizendo que “o cúmplice do ladrão odeia a si mesmo”. Quando diz que tal homem “odeia a si mesmo”, sua intenção não é apontar um sentimento negativo de alguém por si mesmo, mas sua insensatez ao se colocar ao lado de gente ruim e acabar pagando caro por essa péssima escolha. Entretanto, além do cúmplice ativo de um criminoso, há também aquele que age como um cúmplice passivo, pois o escritor fala de alguém que, “posto sob juramento, não ousa testemunhar” contra os bandidos. Seja por uma participação ativa, ou por uma omissão passiva, o homem que sabe da maldade alheia contra terceiros e não faz nada para impedir e para trazer justiça onde a desonestidade impera, é considerado alguém repreensível por sua omissão.


Esse conceito não foi criado por Salomão, mas previsto na lei mosaica cinco séculos antes, no estatuto que diz: “Se alguém pecar porque, tendo sido testemunha de algo que viu ou soube, não o declarou, sofrerá as consequências da sua iniquidade” (Lv 5.1). Por isso, ainda que a covardia em denunciar o mal pareça uma atitude sábia a princípio, ela produz consequências posteriores que prejudicam o “cúmplice”. Se isso vale na vida social, também vale sob a óptica religiosa, na qual o servo de Deus tem o dever de denunciar o pecado do mundo e as consequências da incredulidade, pelo que o Senhor diz a Ezequiel: “Quando eu disser ao ímpio que é certo que ele morrerá, e você não falar para dissuadi-lo de seus caminhos, aquele ímpio morrerá por sua iniquidade, mas eu considerarei você responsável pela morte dele” (Ez 33.8). Por isso, seja alguém que denuncia o pecado do mundo e sua incredulidade, alertando sobre os tristes efeitos de alguém ser inimigo de Deus. Se o mundo considera ações como essa um ato de traição, a Palavra de Deus a pinta como fidelidade ao nosso salvador.

pr. thomas tronco 1

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