Meditação © Amplo Publications
“Cada palavra de Deus é comprovadamente pura; ele é um escudo para quem nele se refugia. Nada acrescente às palavras dele, do contrário, ele o repreenderá e mostrará que você é mentiroso” (Pv 30.5,6 NVI).
Conheci um rapaz a quem eu costumava chamar de “8 ou 80”. Eu lhe dei esse apelido porque ele não era equilibrado em suas práticas, nem em seus deveres. Eu me lembro de que, durante alguns meses, ele estudou diariamente horas a fio, lendo seus livros, fazendo todas as tarefas da escola, procurando exercícios adicionais e assistindo a todos os programas educacionais que havia. No semestre seguinte, ele nem sequer fez suas lições de casa. Depois, ele entrou em uma fase de comer o dia todo. Chegou quase a dobrar de peso, até começar a ter problemas de saúde. Então, ele iniciou um regime, mas não parou quando voltou ao seu peso original. Ao contrário, perdeu tanto peso que teve anemia e começou a sofrer de bulimia. Para ele, tudo que era mal causava mais mal que para as outras pessoas e até as coisas boas lhe faziam mal, simplesmente porque ele exagerava em tudo.
Depois de reconhecer sua pequenez e limitação diante do Deus infinito, Agur reconhece, agora, a fonte de toda sabedoria que ele almeja, dizendo que “cada palavra de Deus é comprovadamente pura”. Esse é o contraste que o autor faz entre a perfeita sabedoria do Senhor e sua própria falta de entendimento (cf. v.2). Entretanto, ele não está preocupado apenas com o caráter acadêmico e erudito do conhecimento de Deus, mas também com sua aplicação prática na vida diária, pelo que, depois de reconhecer que ninguém tem o controle das coisas como Deus tem (cf. vv.3,4), ele afirma que o Senhor utiliza seu grande poder para garantir aquilo que o homem não pode, dizendo que “ele é um escudo para quem nele se refugia”. Assim, ele faz um convite efusivo para que seus ouvintes deixem de lado a arrogância de achar que são autossuficientes e busquem em Deus a sabedoria e a proteção de que tanto precisam para uma vida segura e feliz.
Porém, a falta da Palavra de Deus não é o único perigo que o escritor detecta. Se instrução de menos é ruim, instrução demais também é. Em outras palavras, ultrapassar o ensino santo que vem de Deus e acrescentar ordens e conceitos que ele nunca transmitiu é tão ruim quanto lhe ignorar os ensinos. Por isso, Agur orienta o seguinte: “Nada acrescente às palavras dele”. Se essa ordem fosse seguida atualmente, não teríamos legalistas que dão uma roupagem pseudobíblica às suas concepções pessoais, nem igrejas que abandonaram a santidade e a disciplina por afirmações que consideram alguns trechos das Escrituras e desconsideram outros, nem tampouco veríamos a diluição da mensagem do evangelho em práticas e programações de puro entretenimento vão. Apesar de ser ensinado, hoje em dia, que todas as ideias são verdadeiras e válidas, Deus não pensa assim e considera verdadeiro apenas o que ele revelou, do modo que, em algum momento, ele “o repreenderá e mostrará que você é mentiroso”, caso você se desvie da sua Palavra. Essa afirmação é tão forte que percebemos que é melhor ser humilde e buscar no Senhor e nas Escrituras a verdade para nossa vida. A alternativa é ser “8 ou 80” na obediência a ele e arcar depois com as consequências.
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