Meditação © Amplo Publications

26 de abril de 2018

O Senhor Observa a Todos!

“O pobre e o opressor têm algo em comum: O Senhor dá vista a ambos” (Pv 29.13 NVI).


Quando eu ainda estudava no Primário, presenciei uma situação interessante. Fizemos uma excursão pra um museu grande e bonito. Chegando lá, um dos alunos, aquele cujo pai era o mais rico, começou a dar instruções para os outros alunos. Ele se sentiu no direito, por causa dos bens da sua família, de exercer primazia entre os colegas de classe e definir a ordem de entrada no museu, os lugares em que cada um sentaria e com quem cada aluno tomaria seu lanche. Por incrível que pareça, a classe entrou na dele e, sentindo-se pressionada, passou a atender seus comandos. Até que a professora percebeu o que estava acontecendo e disse: “Nenhum aluno manda nada aqui. Quem manda sou eu e vocês farão apenas o que eu mandar”. O resto do passeio foi marcado pelo profundo silêncio do “riquinho mandão”.


O que foi apenas uma pequena confusão entre garotos tem o potencial de se tornar um grande problema entre adultos. Nesse caso, a tensão não é entre um menino mimado e seus colegas, mas ainda é entre “o pobre e o opressor”. Dito desse modo não é possível ver a estreita conexão entre eles na mesma situação. Por isso, a Septuaginta traduz como “o devedor e o credor”, mostrando que um existe em função do outro, de modo que o pobre sofre a opressão da dívida e dos juros por parte do seu credor. Normalmente, quando isso ocorre, a opressão é mais que financeira, pois o credor se julga melhor que seu devedor e cria para si prerrogativas como se o pobre lhe fosse um subalterno que tem o dever de fazer suas vontades e de ouvir coisas que normalmente rejeitaria. É impressionante como o dinheiro separa as pessoas e cria tensão em seus relacionamentos.


Contudo, apesar da separação que o dinheiro promove, Salomão afirma que “o pobre e o opressor têm algo em comum: o Senhor dá vista a ambos”. Dar “vista” aqui significa dar a própria vida, pelo que Jó descreve o nascimento de uma criança como fazê-la ver a “luz’ (Jó 3.16). Em outras palavras, esse provérbio é relativo a outro que diz que “o rico e o pobre têm isto em comum: o Senhor é o Criador de ambos” (Pv 22.2). Pode parecer uma menção óbvia e irrelevante, mas ela nos lembra que, independente de quanto dinheiro e poder uns tenham e outros não, Deus está acima de todos, assim como a minha professora tinha autoridade sobre seus alunos, independente de quanto eles possuíssem. Isso quer dizer que o Senhor é poderoso e soberano sobre todas as pessoas, não apenas para lhes dar vida, mas também para lhes julgar as atitudes, dentre as quais, com destaque nesse provérbio, a opressão do pobre. Por isso, o rico deve temer a Deus e deixar de lado a ganância e a exploração. Por outro lado, essa também é uma mensagem de esperança e fé aos oprimidos. Assim, em vez de querer mandar nos outros, que tal servir a todos?

pr. thomas tronco 1

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