Meditação © Amplo Publications

21 de abril de 2016

Futilidades  -  parte 2

Finalmente, há a futilidade mental que é a futilidade do pensamento. Esse tipo de futilidade é dominante em nossa época e se espalha entre gente culta e inculta, rica e pobre, crente e incrédula. Ela consiste em abrigar e nutrir ideias vãs. A futilidade mental hipervaloriza coisas de segunda importância como roupas, cortes de cabelo e o tamanho do bíceps. Ela também acolhe mensagens mentirosas implícitas em comerciais de TV, em novelas e em filmes de Hollywood.


É em grande parte por causa da futilidade mental que muitos cônjuges, por exemplo, abandonam o lar dizendo que têm o direito de “buscar a própria felicidade” ou de “fazer o que gostam”. É também por causa da futilidade mental que muitos jovens, que antes eram “normais”, mudam o corte de cabelo, vestem roupas estranhas (o tipo “alternativo”), agem de forma irreverente e abraçam causas heterodoxas (o velho feminismo das mulheres infelizes e frustradas ainda está em alta) dizendo que têm de se valorizar, se destacar e se impor no meio em que vivem, não importando o que os outros pensam — futilidade sobre futilidade... Meras tolices.


A futilidade mental também se expressa em autocomiseração, autoindulgência e orgulho. O homem que nutre a autocomiseração é aquele que olha para si e se entristece, pensando em como as coisas podiam ter sido diferentes. Ele não pretende despertar a pena das outras pessoas. Em geral, contenta-se com a pena que tem de si mesmo e a curte intensamente a ponto de se recusar a abandoná-la. Ele gosta de se enxergar como alguém que padeceu as injustiças da vida mas não se rebelou, antes se resignou e agora sofre em silêncio. Quanta virtude! Já o autoindulgente é aquele que constrói explicações para todas as suas culpas (“eu sou compulsivo”; “eu fui criado num ambiente difícil”; “eu estou passando por uma fase ruim”). Em sua mente ele se apega a essas explicações e as transforma numa poltrona para sua consciência. O homem orgulhoso, por sua vez, é aquele que se tem em alta conta. Pode parecer estranho, mas o autocomiserado e o autoindulgente são muito orgulhosos. Ambos se consideram bons demais.


Qual o perigo da futilidade em todas as suas formas? Bem, as futilidades verbal, laboral ou mental são capazes de transformar as pessoas, lançando-as na inutilidade. O homem que se entrega aos diversos aspectos da futilidade se torna vazio, incapaz de dar um bom conselho. Vira uma pessoa sem conteúdo, que só repete o que todo mundo diz. Além de vazio, o homem apegado à futilidade também se torna insensível e indiferente. Não reage diante de males que parecem “pequenos” e chega a dizer que certos pecados são “normais”. Ele faz pose de tolerante, mas, na verdade, é um covarde — alguém que, nutrido apenas por vento, não encontra forças em si para enfrentar o erro e combatê-lo, não importando se esse erro está dentro ou fora da vida dele.


Sendo, desse modo, apenas um boneco cheio de ar, o homem que abraça essas formas de futilidade, tornando-se inútil e covarde, é, por assim dizer, a obra-prima de Satanás que, sendo assassino, compraz-se em transformar as pessoas em nada.


Leia parte 1

pr. Marcos Granconato

 COMENTAR

FultilidadesLeia a Meditação Anterior pr. Marcos Granconato 

20 de abril de 2016