22 de agosto de 2016

Conformar-se ou Não

Hamelet, o jovem príncipe dinamarquês, de William Shakespeare, vive perturbado com a morte do rei, seu pai, e com o segundo casamento da rainha Gertrudes, sua mãe. Pelo fantasma do pai, ficou sabendo que ele fora assassinado pelo irmão, o rei Cláudio, que desposou Gertrudes. Assim, com esta revelação, Hamlet vivia um dilema: "O mundo está fora dos eixos. Oh! Maldita sorte! Por que nasci para colocá-lo em ordem?", lamenta o Príncipe e prossegue dizendo: ‘Ser ou não ser, eis a questão: Será mais nobre suportar na mente as flechadas da trágica fortuna, ou tomar armas contra um mar de escolhos, e, enfrentando-os, vencer?’. Hamlet luta com uma dúvida clara entre a humilhação (ser omisso) e a bravata (agir). Ele precisa escolher urgentemente!  De um lado, ele pode cruzar os braços e se omitir, mas sofrerá com as acusações da consciência. Por outro lado, pode enfrentar a situação e sair para a ação, lutando contra as injustiças do seu Tio, mesmo que isso implicasse uma guerra, porém, viveria de forma digna e vitoriosa.

Bem, o apóstolo Paulo exortou os crentes de Roma a “não se conformarem com este século, mas transformarem-se pela renovação da mente” (Rom 12:1-2). O que Paulo propõe aos cristãos é uma atitude de não conformismo com a desintegração moral da sociedade. O cristão inconformista não se amolda ao sistema, mesmo que isso implique ficar sozinho com sua posição. Sílvio de Abreu, escritor de novelas da Rede Globo, de posse de uma pesquisa feita com expectadores da telinha, em entrevista à revista Veja afirmou: “...boa parte das pessoas, principalmente donas-de-casa, já não valorizam tanto a retidão de caráter...para essas pessoas, ser mau, corrupto, conseguir sair-se bem, enganar e ludibriar, desde que isso complete os seus objetivos, é válido. Segundo este novelista, “para as pessoas, fazer o que for necessário para vencer na vida é certo e esta atitude comprova que os valores morais da sociedade estão em desintegração”.

Vivemos o mesmo dilema do príncipe Hamlet: “Conformar ou não se conformar”. Os cristãos são iluminados pelo Espírito Santo e não podem se deixar cegar pela inversão de valores desta sociedade incrédula. Certa escritora afirmou: “Vivemos em um período histórico único na história da humanidade. Somos testemunhas de uma era de enormes carências de conhecimento, afetividade e espiritualidade. Nossa sociedade é dominada por princípios voltados quase que exclusivamente para o lucro e pela manipulação daqueles que estão no poder...”.

Por isso, meus queridos irmãos e irmãs, não podemos ser omissos nesta hora! Precisamos nos fortificar na graça, pois agora é a hora de agir para não nos permitirmos moldar pela inversão de valores desta sociedade narcisista e hedonista que rejeita a vida segundo a piedade (II Pe 3:11)  e, que, por isso, “jaz no maligno”. Vivamos, pois, no caminho da santificação, pela renovação da mente, para experimentarmos a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rom 12:2). Tiago nos alerta dizendo que buscar a amizade com este mundo é tornar-se “inimigo de Deus” (Tiago 4:3).