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22 de junho de 2016

Podemos Perder a Salvação?

Em 2Pedro 2.1, Pedro fala de falsos mestres que negam o Senhor que os resgatou e, assim, trazem destruição sobre si mesmos. A expressão “que os resgatou” sugere que Pedro tem pessoas crentes em mente. Já a afirmação de que essas pessoas trarão destruição para si por negarem o Senhor sugere que elas perderam a salvação. Esse versículo também representa um desafio para a doutrina da expiação limitada, pois, se dissermos que esses falsos mestres não eram crentes, teremos de lidar com a expressão “que os resgatou” e concluir que o resgate pago por Cristo na cruz se aplica também a incrédulos.



Os calvinistas entendem, contudo, que, nesse versículo, Pedro não fala sobre crentes. A ruína futura reservada para essas pessoas e aludida nos vv.3-9, além do comportamento sórdido atribuído a elas nos vv.10-22, impede que sejam consideradas novas criaturas, santificadas pela fé genuína. Como, então, interpretar a afirmação de que o Senhor as “resgatou”?



Ao que parece, o modo como isso deve ser entendido é descrito no v.20. De acordo com esse versículo, os falsos mestres, quando se associaram à igreja e começaram a frequentá-la (vv.1-3,13), “escaparam das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo”. É a esse livramento “moral” (e não à obra da cruz) que se refere a expressão “os resgatou”.



Aqueles incrédulos, ao ouvir a verdade sobre Jesus e ao entrar para a comunidade de discípulos, foram resgatados ou libertos da vida idólatra, suja e mundana em que viviam. Porém, não sendo crentes de verdade, logo voltaram para essa vida (vv.21-22). Essa interpretação é proposta especialmente por John Owen (The death of death in the death of Christ, Livro IV:V:III:3), um dos maiores teólogos do século 17.



Há outros textos que parecem ensinar que o crente perde a salvação. Faz algum tempo eu escrevi uma série chamada As tocantes verdades da flor falando um pouquinho sobre essas passagens. Pois bem, essa série foi ampliada e transformada num pequeno livro que será lançado nos próximos meses. Nesse livro, os irmãos poderão ter acesso a essas explicações.



O que deve ficar fixado desde já, porém, é que o crente verdadeiro tem sua salvação guardada por Deus e não por ele mesmo. Como disse o conhecido pregador John MacArhur Jr., “se pudéssemos perder a salvação, certamente a perderíamos”. A verdade, porém, é que a guarda desse tão precioso bem não está em nossas mãos e sim nas mãos do Senhor, sendo impossível que alguém o arranque dessas mãos tão poderosas.



Eis aí uma das bases para a paz e o descanso do crente. Aliás, foi pensando na paz que essa segurança pode gerar nos cristãos que Jesus disse: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14.1-3).



Essas palavras tão tranquilizadoras de Jesus devem ser acolhidas por todos nós. Sim, nosso coração pode pulsar sereno, mantendo firme a certeza de que ele nos preparou moradas eternas. E essas moradas não ficarão vazias. Quem as preparou também vai abrir suas portas para que sejam habitadas por todos aqueles que Cristo chamou e que o receberam por meio da fé.

pr. marcos granconato 

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