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Meditação 2014 Contos Assinatura Autores Fale Conosco

Meu nome é Frederico. Sei que é um nome meio engraçado (dizem que é nome de papagaio). Por isso, prefiro que as pessoas me chamem de Fred. Tenho 38 anos, sou casado, tenho uma filha de 11 anos, trabalho como professor de Biologia e sou ateu. É nesse último item que quero me concentrar. Sou ateu. Confesso que não me tornei ateu depois de muita reflexão filosófica ou grandes lutas existenciais. Não! Na verdade, minha “conversão” aconteceu na adolescência. Na época, decidi ser ateu porque parecia ser a opção das pessoas mais sofisticadas e intelectuais e eu queria muito ser visto assim pelos meus colegas.


No colégio e na faculdade (conforme descobri mais tarde) existem duas maneiras de você ser visto como um “crânio”, dono de uma cabeça privilegiada. A primeira delas é estudando bastante; a segunda é dizendo que é ateu. Eu optei pela segunda maneira. E funcionou! Afinal de contas, os alunos percebiam que os professores que pareciam mais “mente aberta” — aqueles tipos que matam a gente de rir falando palavrões durante a aula — eram, na maioria, ateus, enquanto a crença em Deus ficava geralmente com o povinho de baixa escolaridade, como meus pais e avós.


Bom, seja como for, dizer aos meus colegas que eu era ateu me fez sentir respeitado. Tinha a impressão de que todos agora me viam como um cara inteligente, racional e dotado de uma mente científica. Era como se eu participasse de uma “elite pensante”, mesmo sabendo que eu não tinha pensado muito pra adotar o ateísmo.


Meu ateísmo declarado não trouxe, contudo, somente esse benefício. Definir-me como ateu produziu em mim certas sensações de que gostei. Eu não sabia que essas sensações viriam, mas fui surpreendido por elas e isso me fez muito bem. Deixe-me ser mais específico: quando me declarei ateu, fui tomado de um sentimento amplo de liberdade. Como eu disse, meus pais e avós criam em Deus. Eles não eram muito religiosos, mas acreditavam mesmo na

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Confissões de Um Ateu Sincero

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 escrito por Marcos Granconato