“Quem dá aos pobres não passará necessidade, mas quem fecha os olhos para não vê-los sofrerá muitas maldições” (Pv 28.27 NVI).
Em minha infância, sempre fiquei muito impressionado com uma senhora que gostava de ajudar a todos. Era impressionante como ela se preocupava com as dificuldades de cada pessoa que conhecia e como não media esforços para ajudar. De boa estabilidade financeira, essa era a razão de ela repartir sua prosperidade com os outros em vez de guardar tudo para si. Contudo, alguns anos depois, ela teve um problema de saúde e gastou sua riqueza em tratamentos e cuidados. Quando seu dinheiro acabou, pensei que não havia solução para ela, até notar que nunca lhe faltou nada, pois todas as pessoas que ajudou no passado passaram a cuidar dela por todo o restante da sua vida. Na época, eu disse que sua bondade agiu como uma caderneta de poupança que rendeu até o fim da sua vida.
Parece-me que essa senhora, temente a Deus, comprovou algo que Salomão disse muito tempo atrás, quando ensinou que “quem dá aos pobres não passará necessidade”. É claro que, na história que eu contei, tudo parece transcorrer de modo simplesmente social, do tipo “uma mão lava a outra”. Mas outro texto responsabiliza o Deus bondoso pelo cuidado que ele tem com seus bons servos, dizendo que “quem trata bem os pobres empresta ao Senhor, e ele o recompensará” (Pv 19.17). É preciso salientar que isso não funciona como um tipo de barganha em que pessoas gananciosas ajudam terceiros sem amá-los de fato, mas amando a si mesmo e aos benefícios que espera receber. Deus não se deixa enganar e tem um cuidado especial pelo seu povo transformado pela fé em Jesus. Por isso, ele acaba por cuidar de pessoas que, com o coração renovado, agem como Cristo agiria, ajudando quem precisa de auxílio.
Por outro lado, o escritor também afirma que “quem fecha os olhos para não vê-los sofrerá muitas maldições”. Fica claro que ele não está tratando de algum tipo de superstição, mas de um tratamento vindo de Deus a quem se torna repreensível ao valorizar mais seus bens pessoais que as pessoas ao seu redor. Isso quer dizer que o egoísmo, a ganância e o individualismo, ainda que possam trazer benefícios imediatos, plantam uma semente de juízo que crescerá e dará seus amargos frutos mais cedo ou mais tarde. Por si só, isso deveria fazer minguar todos os impulsos gananciosos que vemos na atualidade com uma roupagem de falsas igrejas — algo que aguarda seu castigo. Porém, os servos de Deus não podem nem beirar tais impulsos, devendo se compadecer daqueles que precisam de ajuda e aproveitar tais ocasiões como oportunidades de testemunhar o maravilhoso amor de Cristo. Isso é como uma caderneta de poupança que rende dividendos eternos para a glória de Deus.